O dia em que o coronél mentiu.

O coronel estava tirando leite de sua vaquinha, pois isso para ele era uma terapia relaxante.

Quando entra no curral o compadre Gumercindo, todo sorridente acompanhado de um senhor todo alinhado que limpava seu gordo rosto com um lenço branco.

-Bom dia! Compadre, to atrapiano?Disse Gumercindo tirando o chapéu.

-Se aprochegue home, tu ta em casa. Num carece permissão. Vamos entrando oque o trás a essas bandas?

-Vim trazer uma pessoa para conhecelo. Esse aqui é o doutor deputado João Ateobaldo da costa lima e silva.

E esse oferecendo a mão, que depois do cumprimento voltou suja, disse.

-Bom dia. (limpou a mão.) coronel ouvi tanto falarem do senhor que não resisti, ao convite de meu correligionário para conhecer a pessoa mais ilustre dessa bela cidade ao qual tenho a honra de tornar-me prefeito.

Pois depois de tornar-me o deputado mais votado do meu partido o PP.(Partido populista.) Não consegui resistir às pressões de tornar me candidato a prefeito dessa belíssima cidade e tenho certeza de que tendo o apoio de tão ilustre personalidade local. (Tapinha nas costas.) serei eleito.

_O que o povo fala de mim é um exagero. (Cara de falsa modéstia.) apesar de ser verdade.

O que muito me envaidece, mais tenho de recusar.

-Mais por quê?O senhor não gostaria de apoiar uma causa justa. Fazer parte de algo maior. Uma causa nobre.Me disseram que gostava de política.

-Gostar, eu até gosto mais num gosto mais.

-confesso que não entendi. (disse o senhor deputado mais votado agora candidato a prefeito.) é algo pessoal?

_de maneira nenhuma é que Maria num pode nem pensar que estou metido em política.

-o senhor já foi político? Perguntou o doutor deputado agora candidato a prefeito juntando as mãos e levantando uma das grossas sobrancelhas.

-Eu não, mais elegi três presidentes, dois governadores, seis deputados e quatro prefeitos.

-Então o senhor é perfeito para nossa campanha. Disse agora esfregando as mãos e puxando-o para mais perto de si.

-Porem já disse que Maria num pode nem ouvir que penso em política. (Afastou o doutor deputado que saiu sacudindo o lenço sobre os ombros.) O ultimo prefeito que elegi pos-me em maus lençóis.

-Que se as sucedeu compadre?Perguntou Gumercindo já prevendo uma nova estória.

-Primeiro vê se Maria num ta por perto. (Não.) Bem o caso se deu assim.

Um dos candidatos começou com o eslogam ansim. (MELHOR EDUCAÇÃO, MELHOR CIDADÃO.).

Mais num deu certo, pois o povo daquela época era muito iletrado e não sabia o que queria dizer cidadão.

E falar que queria melhorar a educação era o mesmo que dizer que eles eram mal educados, ao qual levaram a frase como uma ofensa.

Já o outro candidato prometeu uma nova praça, reforma da velha igreja. Novas estradas, coisas assim.

Ele então resolveu prometer um novo hospital e uma delegacia.

Mais o povo pensou pra que hospital se tem as rezadeiras e as parteiras, já pensou um médico apalpando as mulheres e furando todo mundo com agulhas. e delegacia pra que.? Pensam que somos bandidos?

Já o outro prometeu mais festas na cidade, fazer um estádio pro time do Foice.

Em seus comícios sempre tinham artistas das rádios novelas e teatro de revistas e também cantores do rádio.

O outro então se viu perdido e sem idéias, pronto para entregar os pontos. Foi quando alguém lhe disse; só tem um jeito de reverter isso conseguir apoio do velho coronel. O povo confia muito nele e vendo-o do seu lado com certeza votarão no senhor.

Assim que o povo soube de meu apoio bandiou-se todo pro seu lado e a campanha estava agora empatado. E um dos dois precisava de algo realmente extraordinário para arrebatar os indecisos.

Foi quando um repórter lhe disse que o rio de janeiro faria a ponte mais longa do Brasil e ligaria o rio a Niterói passando por cima do mar.

Ele então viu ali a oportunidade de fazer um discurso alegando achar um absurdo, uma afronta um estado tão pequeno quanto o rio ter tão prodigiosa ponte, e jurou que se eleito não deixaria por menos faria uma ponte tão grande quanto à deles.

Num deu outra foi eleito. Até o outro candidato votou nele.

-Nossa que sujeito corajoso fazer uma promessa dessas. Interrompeu o senhor deputado mais votado e agora candidato a prefeito.

-Pois é num é!Porem depois de eleito tudo que é prometido é esquecido. Num sabe.

Mais o povo foi cobrar a mim, pois tinham votado nele por causa de meu apoio. Eu então fui ate o gabinete falar com ele e quase não fui atendido. Cobrei as promessas e ele riu,parecia outra pessoa.É assim doutor em épocas de eleição eles trabalham sem parar depois de eleitos usam o mandato para descansar.e ainda me disse.

-Promessa de campanha é assim todo político faz, não precisa ser comprida. Faz parte do folclore eleitoral, ninguém leva a serio.

E eu lhe disse que eu levava, e se ele foi eleito por causa de uma ponte devia fazer a tal ponte. Afinal tinha um nome a zelar.

-façamos o seguinte então. Disse ele rindo. Apartir de hoje o senhor é meu secretario de obras, então mãos a obra faça a ponte. (risos.)

-O senhor então fez a ponte?(Pergunto o doutor deputado mais votado ainda limpando o suor da testa.).

-Mais como meu senhor, se a cidade não tinha rio.

-Então o senhor num fez a ponte?

-Num disse isto! Eu sou home de fugir de um desafio por causa de um pequeno detalhe.

Primeiro abri um rio, depois eu fiz a ponte.

Ao ouvir o desfecho da estória o doutor deputado mais votado e agora candidato a prefeito puxou seu gordo rosto arregalando bem os olhos e inventando uma desculpa tratou de ir embora.

-O velho coronel então olhou para o Gumercindo e soltou uma grande gargalhada.

-Que foi coronel, qual a graça. Perguntou Gumercindo sem entender a piada.

-Tu viste a cara dele?

-Uai, num intindi?

-Deixa de ser ingênuo home, num viu que contei uma mentira?

Eu La sou engenheiro pra fazer uma ponte daquelas. (Ah.) a única coisa que fiz foi o rio.

beto rami
Enviado por beto rami em 25/01/2012
Reeditado em 26/06/2013
Código do texto: T3461093
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