Ele se esqueceu da própria vida!
Belzebu era um sujeito pra lá de esquisito. Passava horas a espiar a vizinhança, vasculhar a vida de conhecidos em redes sociais e, como se não bastasse, dava notícias de tudo que estava acontecendo no mundo.
Eu, como de fato, não escapei aos olhos de Belzebu. Ele se preocupava com tudo o que era meu - menos com a sua própria vida. Queria conhecer meus hábitos, meus amigos, minhas intimidades.
Para ele importava saber o meu sobrenome, a minha procedência. Investigou meu caráter, pôs a prova minhas condutas, se questionou sobre minha profissão, queria saber o porquê não tinha filhos!!!
Belzebu me analisava da cabeça aos pés. Era relevante saber a cor da minha gravata, a marca do meu carro, os meus sapatos preferidos.
Procurava sobre mim em sistemas de buscas na internet e em redes sociais. Belzebu queria, desesperadamente, conhecer tim-tim por tim-tim sobre a minha vida.
A verdade, caro amigo, é que Belzebu era um sujeito miserável. Não tinha amigos, colecionava alguns poucos contatos. Suas referências eram pessoas da TV. Sua formação não valia de nada. Sua vida era tão insignificante que a sua ausência não seria sentida nem pelo proprietário do imóvel ao qual ele vivia de favor.
E assim vivia o Belzebu... deixando para a humanidade o mais velho dos ditados: quem muito se preocupa com a vida dos outros, esquece-se da sua.