Jovem, o que te abate?

Num dia quando parece que o céu vai cair sobre sua cabeça, um jovem dissimulado, desapontado e entristecido revolve se entregar aos anseios da covardia e do desapego à vida. Sai de sua casa e vai até o “Viaduto do Chá”; estava disposto a se entregar às adversidades e aos limites da carne.

Mas, eis que aparece um ser de repente, de onde não se sabe e muito menos por onde... Eis que, quando o jovem curva seu corpo com o movimento do pulo, o ser grita:

- Jovem, o que te abate?

E o jovem responde:

- A vida, meu caro...

Então, o ser diz:

- Quem és tu para te abateres por qualquer coisa? Teu Deus te deu a vida, então, por direito, ele tem total controle para dar e tirar, mas não tu. Meu jovem, estás vendo lá embaixo? Lá é o limite para a covardia. Mas agora olha para o céu: lá mora o pai. Queres desapontar o pai e morrer como um covarde? Não temas as adversidade, pois, em verdade te digo: as adversidades são apenas uma forma de demonstrar que de tudo é capaz aquele que crê em Deus. Dentro de ti está uma semente, na qual se criaram raízes e, ao tempo, frutos, mas, como em todas as lavouras, existem as larvas, prestes a deteriorar os que são bons.

O jovem refletiu na exatidão dos pensares e deu um passo para frente, demonstrando estar na disposição de se entregar, mas, logo em seguida, deu dois passos para trás. O jovem falou para o ser:

- Meu caro ser, como soubeste que me encontrava abatido e prestes a entregar a minha vida?

O ser, então, respondeu:

- Meu jovem, é nessas horas que Deus aparece: nas horas em que o mundo está prestes a te engolir; nas horas em que tudo parece ser impossível; na horas em que o teu coração parece não ter regresso.

O jovem, ouvindo aquelas palavras que traduziam seus sentimentos de outrora, revelou suas lágrimas pela primeira vez. E, assim como aqueles que, a princípio se acham fortaleza de espírito, disse outra vez para o ser:

- Estão livres minhas lágrimas afinal, e, com elas, eu me liberto contigo das amarras da dor e do sofrimento. Se me deste a mão, que posso eu te dar como recompensa?

Em respota, o ser lhe disse:

- Dá-me apenas tua confiança, teu amor e tua esperança.

E assim foi, até o fim dos tempos.

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 30/12/2011
Código do texto: T3414402
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