DEDIN DE PROSA
DEDIN DI PROSA
Pelas Montanhas do Sul de Minas, mais precisamente no Bairro Do Vapor,dois mineiros, o senhor Adolfo, um sitiante antigo no lugar e o senhor Ernesto, também sitiante e que há muitos anos cuidava do seu cafezal por aquelas bandas.
Os dois se encontraram e trocaram um dedo de prosa à beira da estrada, bem na encruzilhada do areão e a prosa foi mais ou menos assim:
- Dia cumpá Dorfo!
- Dia cumpai Nesto!
- Cumo o tempo passa não? Já é natar traveis sô! Diz o senhor Adolfo meio cansado da caminhada.
Poisé cumpai! Quando nóis era mulequin o tempo demorava passá né memo? Mai agor ó, pas num piscadin diói! Responde seu Ernesto indignado com o passar rápido do tempo.
- Verdade cumpai, tezantonti eu tava prusiano essas coisa qua Tereza nu paió lá in casa. Ela tumem vê us acunticidu desse jeito. Diz seu Adolfo, ensaiando dar início num cigarro de palha.
- Quando eu era pidiguin, meu difunto pai já falava que quando eu ficasse erado ia vê que o tempo passa feito largato fugindo dus cachorro. Ia tê Dori na cacunda, na escadera e do jeito que ele cramava. Diz seu Ernesto.
- Oia cumpai Nesto, cumo eu ficava aguado só disperá o natar chegá pra ganhá da minha difunta vó uma fazenda pá fazê carça e camisa. E eu ficava sobrero que só veno. I condo chegava, o trem ficava bão memo! Conta a pequena hitória o senhor Adolfo.
- Eu tamém cumpai, eu tamém. E o papai inda falava que era presentin di papai nué.
Nu dia de natar, mamãe fazia uns assado, papai pegava no armazén da biquinha uns guaranazin e junto trazia uns panin pá fazê camisa e carça de suspensor marela... Eta tempin bão né cumpai? Exclama o senhor Ernesto meio emocionado.
- Puis é cumpai e agor sai natar e já é natar traveis! Né memo? Exclama seu Adolfo.
-Isso memo cumpai! Isso memo! E ainda tem esse tar de carnavar de revertréis nu mei! Indigna seu Ernesto.
- O natar é festa du meninDeus, que vei pá nus sarvá. Agor carnavá? Essi é du cuisaruim. Exclama seu Adolfo.
- Falô tucumpai, falô tud! Concorda seu Ernesto.
- Mai é isso cumpai, vai lá in casa umorin! Bebê um cafezin cunóis e comê um quejin! Convite de seu Ernesto ao seu amigo Adolfo em tom de despedida.
- Umorin nói vai cumpai, vai u sinhô lá incáz tamém? Retorna o convite o senhor Adolfo.
- Contivé um tempin nói tamo lá cumpai! Responde seu Ernesto.
- Inté cumpai, si Deus quisé! Despede-se o senhor Adolfo.
- Inté otodia, vai cundeus cumpai!
E seu Adolfo foi para um lado e seu Ernesto para outro, ambos pitando seus cigarros de palha.
Minas é assim, qualquer encruzilhada pode-se presenciar um “dedin di prosa” que às vezes vai longe!
É isso aí!
Acácio