A PORQUINHA DE NATAL.
Lá pelas bandas de Ribeirão, bem próximo do rio, fizeram a comemoração do Natal. Era simples e sem luxo. Contava-se com uma leitoa assada, pão de queijo, refrigerante, caipirinha e vinho. Todos os vizinhos eram convidados e a festa ia noite adentro.
Para preparar, o Mane era o responsável para matar a leitoa, temperar e assar.
Porém, neste ano, o Mane não pode comparecer, porque estava gripado e pediu ao Vicente para fazer o serviço. Vicente, porém, sem muita experiência, foi.
Chamaram-se os vizinhos e a preparação começava.
João, o dono da leitoa, no instante trouxe a porquinha e pediu para o Vicente matá-la.
No íntimo de Vicente, ele não queria executar tal porquinha, porque sentia medo de ver os animais morrerem. Muito apavorado e com certo medo, pegou a bichinho e pediu que outros a segurassem para que ele pudesse atingir o coração.
Seguram-na e Vicente enfiou a faca na pobre coitada. Ele gritou, chorou e o pobre do Vicente ficou mais emocionado e começou a chorar dizendo que nunca havia matado um porco, nem mesmo frango. Outros, porém, o consolavam e diziam que a primeira vez era deste jeito, muita emoção e das próximas ele estaria feliz.
A porquinha foi dada como morta. Pobrezinha, deitadinha e meio gordinha, estava em silêncio e aguardava as folhas de bananeira secas para queimar seus pelos e prepará-la para ser assada.
Pegaram várias folhas de bananeiras secas e atearam fogo.
Quando o fogo começou e já estava um pouco alto, viram-se as folhas se mexerem e quando menos se esperavam a porquinha deu um pulo e saiu arrastando folhas já em chamas pelo um pastinho próximo da casa.
Saíram todos correndo atrás dela e gritando: Peguem a porquinha, ela não morreu, ela vai botar fogo no pasto e na plantação de bananas. Corram, corram, peguem a porca. O Vicente não sabe matar porco...
E ai foi aquela confusão. Vicente saiu correndo pensando que tomaria uma surra, a porca saiu colocando fogo no pasto e na plantação de banana e desapareceu.
Na ceia de natal todos se contentaram de comer apenas uns salgados que o Mane trouxe da cidade. Não comeram a porquinha e o Vicente, ao invés de enfiar a faca no lado esquerdo da porca, enfiou no lado direito e a porquinha ressuscitou.