A BALA DE HORTELÃ

A BALA DE HORTELÃ

Geralda estava preocupada. O marido saíra de manhã para ir ao banco e ainda não voltara. Já era quase noite. Cinquenta e tantos anos de casados, ela estranhou. Poderia ter telefonado. Será que ele estava na casa do filho, corujando o último netinho que nascera há poucos dias. Bateu no apartamento ao lado e conversou um pouco com a vizinha. Entrou na cozinha, e deu com o Alencar sentado com uma fisionomia muito estranha. Ela pediu uma explicação. Aquilo era jeito de voltar para casa. Depois de tantos anos. Sua camisa estava rasgada em alguns lugares. O rosto todo arranhado. E as marcas de baton? Ela ficou furiosa. Levantou a mão e já ia soltando um tapa no pobre velho.

Cansado, quebrado de tanto que apanhou da sujeita que resolveu dar-lhe uma surra de amor.

Aos poucos ele conseguiu contar à mulher o que acontecera. Ao sair do banco veio caminhando, parou em um dos bancos da praça para descansar. Sentou-se ao seu lado uma jovenzinha muito pintada que ele imaginou o que ela fazia. Ofereceu-lhe uma bala de hortelã, como ele não quis ser indelicado aceitou. Abriu a bala e colocou dentro da boca, e depois não se lembrava de mais nada. Acordou no mesmo estado que estava ao chegar a casa. O dinheiro que estava no bolso das calças, sumiu.

Geralda não acreditou na história que o Alencar lhe contava. Jurava que ele tinha uma amante. E o chamava de safado, velho ordinário e o xingava de muitos outros nomes feios. Ainda no leito de morte ele jurava que não tinha feito nada de errado, apenas aceitado uma bala de

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 20/12/2011
Reeditado em 02/09/2015
Código do texto: T3397769
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