Engravidei a Virgem Maria

Maria era a menina mais respeitada de todo o bairro. Apesar de sua família não ser religiosa, ela possuía uma religião que a incentivava a manter uma conduta casta. Não irei dizer o nome para preservá-la de críticas.

Todas as manhãs, ela ia para escola e passava em frente da loja de variedades onde eu trabalho, sempre me cumprimentando da mesma forma, com aquele sorriso tímido e voz baixa ao dizer “Bom dia”. Ela tinha 16 anos, e eu 18.

Apesar de eu a achar muito atraente, nossa relação nunca havia passado deste cumprimento, até porque ela era muito respeitável e era religiosa, como eu já falei. Mas certo dia, esta relação mudou. Contarei-lhe como:

Maria voltava da escola, e eu estava a fechar a loja. Alguns colegas dela vinham a rebaixando, falando mal dela devido à castidade, falando que ela não gostava de homem, este tipo de coisa. Ela vinha à frente deles, caminhando rapidamente, com os olhos cheios de lágrimas, até que parou, jogou a mochila no chão e gritou: “Me deixem em paz! Eu escolhi ser assim! A vida é minha! O que eu faço ou deixo de fazer não é da conta de ninguém!” Seus colegas começaram a rir-se dela de maneira zombadora, mas começaram a se afastar. Ela então se ajoelhou no chão e começou a pegar as coisas que haviam caído da mochila. Eu, que estava observando tudo quieto, porém agoniado com a situação, logo me prontifiquei a ajudá-la. Ela disse que não precisava. Eu perguntei se estava tudo bem, ela disse que ficaria. Então ela se levantou, pôs a mochila nas costas e disse: “Obrigada!” com um sorriso meigo e tímido. Eu também sorri e disse que ela não precisava me agradecer. Estendemos as mãos e nos despedimos com um aperto delas, pela primeira vez em nossas vidas.

No outro dia à tarde, eu estava a anotar algumas coisas no balcão da loja, quando ouvi uma voz meio conhecida dizer: “Oi! Boa tarde... Poderia me ajudar?” Levantei a cabeça para ter certeza de quem falava comigo. Meu coração bateu mais forte quando vi Maria ali na minha frente, e eu nem sei explicar o por que. Será que estou gostando desta garota, sendo que nem a conheço? Pensei, dentro de segundos antes de respondê-la. Então eu disse: Claro! O que deseja Maria? Ela respondeu que queria ver alguns acessórios femininos, como maquiagens, pulseiras, colares, brincos... Eu estranhei o pedido dela, visto que a sua religião não lhe permitia que usasse tais acessórios, mas logo mostrei a ela o que me pediu. Ela estava experimentando os acessórios e eu não conseguia parar de pensar em como sua beleza estava sendo realçada! Ela era muito bonita e atraente, e havia ficado ainda mais! Então, tomei a liberdade de dizer-lhe: “Maria, posso te fazer uma pergunta?” Ela olhou para mim, com um certo receio de me autorizar, mas acabou fazendo isto, então eu disse: “ Você pode usar estes acessórios? Pergunto isto por que você é religiosa ...” Ela me disse: “Ontem, depois que meus colegas me disseram aquelas coisas, eu pensei bastante em minha vida, e decidi que não quero ficar presa á uma religião que me proíbe de fazer as coisas que tenho vontade.” Então eu perguntei: “ Quando você fala ‘as coisas que tenho vontade’, se refere somente a usar acessórios ou a algo mais?” Ela me disse: “A muitas outras coisas além disto”. Eu disse: “Que outras coisas”? Ela disse: “Ahh, festas, novas amizades, alguém especial...” Era tudo que eu precisava ouvir... Eu senti que Maria estava atraída por mim, assim como eu também estava atraído por ela. Então eu lhe disse: “Você não quer ir a um clube comigo e alguns amigos amanhã? É sua chance de conhecer pessoas novas, divertidas...” Ela me disse: “E eu poderei entrar? Tenho 16 anos...” Eu lhe disse: “Fique tranqüila, poderá sim! Nós iremos nos divertir bastante...”. Marcamos o horário e o local que nos encontraríamos para irmos juntos ao clube. Maria comprou alguns dos acessórios, e desta vez nos despedimos com dois beijinhos no rosto.

No outro dia, lá estava eu no local e horário combinado, muito ansioso para ver Maria aparecer na esquina. E lá vinha ela, toda arrumada com um vestido azul marinho de seda que não era muito curto e nem muito longo. Ela estava muito bem maquiada, e com um perfume maravilhoso. Eu fiquei pasmo quando a vi. Nos cumprimentamos da mesma maneira, com dois beijinhos no rosto, e damos as mãos num movimento meio involuntários. As coisas pareciam acontecer naturalmente, e Maria parecia ser pra mim tudo que eu procurava. Chegamos ao clube e encontramos os amigos que eu havia falo, mas logo eles se afastaram, cada um com seu par. Isso foi ótimo! Fiquei ali numa mesa, sozinho com Maria. Nós conversamos bastante, bebemos um pouco e logo nossa conversa começou a ficar mais íntima e direta. Nós nos envolvemos ali no clube, quando chamei ela para ir pra minha casa. Maria “dormiu” comigo aquela noite...

No outro dia, levei ela em casa, conheci sua família, e parecia que tudo estava indo muito bem... As coisas pareciam que estavam perfeitas. Os pais dela gostaram de mim, eu gostei deles, nós estávamos “namorando sério”, “ela agora tinha a liberdade que tanto desejou”, até que...

Um mês depois Maria me liga dizendo que sua menstruação já estava atrasada há muito tempo. Ela estava desesperada, sem saber o que fazer. Eu disse que ia desligar e iria para a casa dela naquele mesmo instante, que iríamos conversar e decidir o que iríamos fazer. Eu desliguei o telefone, pedi demissão da loja, arrumei minhas malas e fui à rodoviária, comprei uma passagem para Belo-Horizonte, fui morar com minha mãe.

Depois de um tempo, através de amigos, fiquei sabendo que Maria teve um menino, de nome Judas, e dizia para todos que este nome era em minha homenagem. Ela se arrependeu muito de ter seguido o caminho das trevas, como sua religião á ensinava, e depois de um tempo voltou a ser religiosa. Hoje eu me arrependo um pouco de ter feito aquilo com ela, mas é que tive muito medo das novas responsabilidades... Não estava preparado. Eu não amava Maria, e ela também não me amava. Numa relação verdadeira, um precisa respeitar o outro, e embora eu achasse que respeitava Maria, não provei isto por ações. Desta vez eu aprendi a lição, e apesar de alguns anos atrasado,pagarei pensão ao Judas e tentarei ajudar a Maria a educá-lo de maneira sensata, para que meu filho nunca cometa os erros que cometi...