Dr. Damião o Advogado de Oficio
O sonho de Damião era se formar em direito pata um dia se tornar degelado de Campina Grande -PB. Damião já era “coroa” tentara o vestibular por diversas vezes, mas nunca conseguiu passar.
Num determinado ano por excesso de vagas no curso de direito, finalmente Damião conseguiu se matricular. Depois de mais de oito anos alisando os bancos da faculdade, os professores já não agüentavam mais a cara do aluno, então resolveram aprovar o Damião por “tempo de serviço”, já que o mesmo não tinha a mínima condição de concluir o curso.
De “canudo” na mão Dr. Damião parte para a luta e passa a atanazar o juízo de tudo que era político à procura de um emprego. Como era época de eleição, conseguiu o seu intento, foi nomeado “Advogado de Oficio” duma cidadezinha lá nos cafundós da Paraíba.
Damião passou a residir na cidade e morava na única pensão da localidade.
Empregado, agora Dr. Damião estava “doido” para mostrar serviço. Acontece que a cidadezinha era por demais pacata, por dois longos anos, depois que Dr, Damião chegara, nunca aconteceu nada de anormal, crimes, nem pensar.
Certa noite o advogado estava sentado na calçada da pensão, batendo papo até que chegasse a hora de dormir, quando se aproxima do grupo um soldado de policia, O militar vai até o Dr. Damião, e. . .
- Dá licença Dr. Damião, posso falar com o senhor com urgência ?
- Pois não praça, pode falar !
- Doutor agora mesmo aconteceu um crime de morte lá na ponta
da rua, prendemos o criminoso em flagrante e já o levamos
para a cadeia !
- Obrigado soldado, vou lá agora mesmo !
Dr. Damião ficou tão contente com a notícia que, de repente lhe deu numa crise de riso. Ele fazia tudo para disfarçar, mesmo sem querer de vez em quando dava aquela risadinha nervosa. Aquilo seria o seu primeiro trabalho desde que chegara a cidade.
Dr. Damião poderia ter esperado para ir a cadeia no dia seguinte, mais o que, o homem sai correndo rua afora como um maluco em direção a cadeia pública.
Quando chega a cadeia, vai diretamente para a cela onde se encontrava o criminoso. Acompanhado por um cabo que também era o Delegado do lugar, pede ao militar para abrir a cela. Num canto de parede sentado no chão se encontrava o criminoso. Era um vaqueiro da região conhecido por sua truculência. Dr. Damião com um bruto anel no dedo anular se aproxima do futuro cliente, e. . .
- Como é seu nome meu filho ?
- Pru que o sinhô qué sabé o meu nome ?
- Ora moço, eu voun ser o seu advogado, preciso saber o seu nome
completo e como aconteceu o crime, para preparar a sua
defesa !
- Meu nome é Zé Braúna ! Mai nun vô falá nada prá o sinhô não !
Se qué sabé arguma coisa, precure a mulé do difunto !
Como Dr. Damião não tinha mesmo argumentos para falar com o vaqueiro, resolveu ir embora. No dia seguinte procuraria a mulher da vitima.
No dia seguinte bem cedinho, Dr. Damião todo “empalitozado” chega a casa da mulher da vitima. A casa estava cheia de pessoas amigas e curiosos para ver o defunto. Para impressionar aos presentes, Dr. Damião passou a empregar termos do seu oficio, mesmo sabe4ndo quem a mulher era analfabeta, e. . .
- Bom dia madame ! Eu sou o Dr., Damião da Silva, Defensor
Público desta Comarca ! Eu me encontro aqui para colher
subsídios para a elaboração dos autos do processo de defesa do
meu constituinte, portanto vamos aos fatos !
- Cuma doutor ? Perguntou a mulher sem nada entender.
- MINHA SENHORA, eu estou aqui para que me relate como o fato
ocorreu !
O defunto ainda se encontrava na sala sobre uma esteira, com um toco de vela aceso de cada lado. A mulher enxuga as lagrimas na barra da saia, e. . .
- OXENTE DOUTÕ, o sinhô deve tá inganado ? Aqui não
escorreu fato não ! A foiçada foi bem em riba da cabeça do
falecido !
“ O “fato” que a mulher se referia seria as vísceras da vitima, caso a foiçada tivesse sido na barriga”