Crônica poética o Batatinha

Tampouco a vida, tampouco o trem, nessa viaje que se diz... Pro além. Outro tempo superior a essa viagem de encontro com o criador, a criatura que se esvai da matéria para o Espírito, no conforto dos braços do pai celestial. Que esvai sobre nós a calma, para suportar ausência da alma que daqui vai, solenemente nos deixa uma das figuras mais engraçada que já conhece extrovertida, com um censo de humor impressionante, algo raro de se vê.

Sempre levou a vida contando os seus causos mais malucos e loucos que podia ter, constantemente de bem com a vida. Batatinha, essa era a maneira como gostava de ser chamado! - Com uma única ressalva, o pedreiro das obras difíceis de serem estruturadas, porém, as dificuldades o incentivava a quaisquer desafios, pois, acreditava muito no seu potencial, o qual lhe dava uma ampla percepção para compreender os mínimos detalhes de um projeto de edificação habitacional. Foi com essa técnica natural que o fez o melhor construtor de sonhos dessa cidade, ou melhor, dizendo dessa região.

Exatamente naquele dia de um tempo passado, próximo ao feriado de 1º de Maio, um dia antes do acontecimento; Batatinha resolveu não trabalhar. Como se diz na maioria das vezes, estava emendando o feriado com o final de semana, e, por isso, ia viver... Fazer uma via- sacra freqüentando os bares que mais gostava. Nesse dia iria dedicar todo o seu tempo, aos amigos e assim o fez: “em cada bar que chegava, bem feliz, saudava as pessoas: Bom dia!- Bom dia! Bom dia!: João Simplisto, Zé Varisto e Pedro Begonha; bom dia, Antonio Tomate! E tantos outros amigos que lá se encontravam. Foi logo dizendo â?" Hoje tudo e por minha conta, o gole, o salgado e a cerveja, aproveitem, não é todo dia que posso fazer isso não! Assim: foi o dia inteiro, saindo e entrando de bar em bar, fazendo aquela algazarra, arruaça, de forma agradável.

Já mais à tarde, lá chegou ao Bar Estrela Dalva, o ponto G dos butequeiros, aonde bebia, comia e fazia negócios, já bastante inspirado, foi chegando foi entrando e abraçando os amigos. Ali ele tinha bons amigos, inclusive o dono do bar, seu Quinzinho, muito seu chegado, fora ele que o apelidara carinhosamente de Batatinha, o qual o mesmo fazia a maior questão de ser chamado orgulhosamente, por todos da cidade.

Pedro Bala, que logo o convidou para um gole, falaram da vida entre coisas. Jogaram “purrinha”, ”par ou impar”, “baralho”, prolongou em vários assuntos, até começar a falar de negócios. Pedro Bala lhe ofereceu um negócio, no qual inseria a venda para ele, de uma moto Mobilet.

Sobre a natureza do negócio não precisava se preocupar, pois combinaria a melhor forma que ele pudesse pagar. Convenceu-o dizendo que era mais viável que tomar: ônibus coletivo em função de tempo e custo onerando-o todos os dias, como é moto â?" táxi ou mesmo andando de bicicleta, inviável por existir aqui muito morro acentuado. Daí a vantagem, de sua proposta, pois que o grande diferencial era o de ser um veiculo bastante econômico, que compensava a ele ter uma condução assim, e que tudo se tornaria mais rápido, porém não imaginava que essa tal rapidez o levaria a vida.

Com tanta insistência de Pedro Bala, fizeram o negócio: então Batatinha, muito empolgado, quis logo dar uma voltinha naquele mesmo momento. Logo, todos diziam para o Batatinha que, naquele instante, não! Não Deveria andar por causa dos pileques. Batatinha insistia de todas as formas e dizia que era o suficiente responsável pelas suas atitudes e que ninguém podia duvidar disso, dizia sorrindo que tinha a disposição de um jovem, porém, já tinha seus sessenta e oito anos. Por isso, não era nenhum menino, que não se preocupassem, pois, iria sim dar uma voltinha experimental. Aí ninguém o conteve, Batatinha bastante empolgado funcionou a máquina e acelerou a Mobilet, no momento em que ele saiu, todos temiam, mas não imaginava o pior.

De repente, veio a primeira noticia, mas ninguém sabia como dizer sobre o fato ocorrido, que Batatinha teria perdido o controle e se chocado contra o muro. Mas já tinha sido socorrido encaminhando para o pronto socorro num estado de vida ou morte. Todos apavorados perguntavam uma única coisa: - O quê será que aconteceu com Batatinha?-Alguém viu? â?" ou estão brincando com a gente â?" Vamos todos ao Pronto Socorro ser solidário a ele. E para lá foram todos aflitos com a mesma curiosidade, contudo, não acreditando que fosse verdade, assustados entre si perguntavam: -Será que ele está bem? â?" Vai se recuperar? - Quando veio a noticia final de que acabara de falecer, não existia mais nada que pudesse ser feito, por nós e nem os médicos, a não ser tentar conviver com a saudade, porque, de resto, apenas ficaria a lembrança das coisas boas... E sobre a volta que Batatinha tanto insistiu em dar, era para encontrar-se com Deus.

Toninho Aribati