O AÇOUGUEIRO E O FISCAL DA RECEITA

No inicio dos anos oitenta houve uma fiscalização acirrada no comercio de carnes. Defronte ao meu estabelecimento, o proprietário de um açougue, um senhor já idoso tentava manter seu negocio, única alternativa de sobrevivência familiar. Trabalhando com equipamentos rudimentares alguns até ultrapassados, não tinha outra opção para sustentar a família.

No entanto tornou-se o bode expiatório de um fiscal que pintou na área. O pobre homem passava o dia com um olho no seu trabalho outro na rua tentando se livrar da perseguição fiscal.

Certo dia o fiscal entrou de surpresa no seu estabelecimento e exigiu a guia, ou seja, a nota fiscal;

- A guia do boi, por favor!

– Eu sei lá de guia de boi senhor, este boi era um boi velho fás tempo que não puxa carro num dá pra eu saber quem o guiou não!

- O senhor não entendeu, refiro-me a nota fiscal do produto!

-Olha senhor eu não tenho nota, coisa nenhuma, nem a fiscal, nem de cruzeiros pra comprar o suficiente pra sustentar minha casa, minha mulher está doente, meus filhos desempregados, esse boi comprei fiado pra pagar quando eu vender a carne.

--Senhor meu trabalho é fiscalizar, no entanto sou forçado a fazer uma notificação o senhor terá que pagar a multa.

–Faça isso comigo não moço, minha vida já ta difícil!

-Então o senhor trate de legalizar sua situação, da próxima vez vou apreender sua mercadoria, ou inutilizá-la com creolina.

O açougueiro apanhou uma faca debaixo do balcão e começou afresgá-la numa pedra de amolar vez por outra a lavava no braço soprava os pelos sobre o corte dela, eles voavam sobre a pasta do fiscal em cima balcão.

O fiscal endureceu com ele, dizendo que ia apreender a carne. Ele olhou para o militar que o acompanhava e disse: -Oceis vieram com a intenção de me prender porque não me prendem?

-Não, ninguém veio te prender queremos apenas que se cumpra a lei!

- Como vou cumprir a lei se não tenho nem o suficiente para sobreviver? Que lei do cão é essa que tira dos pobres pra da pros ricos, que saber você tem cinco minutos pra desaparecer daqui e já passou dois falta só trêis procê dobrar a esquina. – meio assustado o fiscal saiu prometendo voltar.

Na semana seguinte ele voltou conforme havia prometido. O encontrou na porta com um pano na mão cercando os mosquitos para não invadirem o açougue.

Cortaram seu fornecimento de energia por falta de pagamento o obrigando a salgar a carne.

Assim que o fiscal estacionou o carro, antes memo de descer, ele começou a cantar uns versos.

-Retalhei a minha carne botei fubá com sal

Agora vou retalhar a costela de um fiscal

Temperár com vinagre e pimenta

Quero ver só, se ele agüenta

Mando-o conversar com Deus

Levando um recado meu

Pedindo a virgem a virgem Maria

Pra que venham ligar minha energia

Que me socorram, apelando pra Jesus

Espantando esses mosquitos acendendo minha luz

- O homem deu meia volta no veiculo se mandou e nunca mais apareceu.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 17/11/2011
Reeditado em 17/11/2011
Código do texto: T3340552
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