“O NATAL”.
A situação estava cada vez mais difícil, porém tínhamos a promessa dos missionários, que haveria farta distribuição de brinquedos no pátio da igreja.
Levantei por volta das sete horas e saí como desesperado para receber, meu presente de natal.
Ao chegar ao largo da matriz, vi a fila que dobrava o quarteirão.
Fui ao final, porém desconfiado, pois pelos meus cálculos, não havia brinquedos suficientes para todos.
À medida que as horas passavam, a aflição aumentava, pois todos os brinquedos de alguma importância estavam sendo distribuídos e para meu pesar havia somente alguns presentes pequenos e um grande e feio jacaré verde.
Nesta hora já o jacaré seria de bom grado aceito por mim, mas não aconteceu.
Quando faltavam ainda uns quatro garotos a minha frente, os missionários, nos mandaram para casa dizendo, que voltássemos no ano seguinte, pois haviam acabado os brinquedos.
Saí dali com vergonha dos colegas que certamente ganharam seus brinquedos e estavam na rua para mostrar ao mundo quão é bom ter papais ricos que com certeza dão tudo de bom e do melhor que existe como presente de natal.
Chegando em casa chorei muito e desde então quando chega esta festa maravilhosa embora hoje, eu possa comprar quase tudo, qualquer presente para mim, faço retiro, pois me lembro que em algum lugar terá alguém que não conseguiu receber presente e estará triste por não ter seu presente de natal.
Oripê Machado.