O INIMIGO...
Ouvi narrar que certo professor, que era pessoa muito amável, calmo, prestativo, morava junto a um vizinho que era um tipo briguento, insociável, que não queria saber de conversa.
O professor tudo fizera para o conquistar, para transformá-lo, apesar do vizinho, um inimigo gratuito que vivia a provocar a fazer-lhe desfeitas. Talvez fosse um inimigo de outras vidas, que ele tentava mudá-lo em amigo e irmão da hora presente. Mas, tudo em vão.
Diante disto, orava com fervor pedindo ao Divino Mestre uma inspiração, um meio para mudar seu adversário. E Jesus o atendeu. Deu-lhe, na hora aprazada, o meio necessário para tanto.
Dois filhos do vizinho, segundo-anistas do ensino secundário, por mais que se esforçassem, foram reprovados.
Como atenuante à derrota recebida, cada um, no entanto, foi apenas
reprovado numa disciplina, podendo, reabilitar-se em segunda época. Todavia, o problema era a aquisição de um professor, que lhes desse aulas individuais e intensivas por um mês, pelo menos.
O professor soube do sucedido e, por intermédio de sua esposa, mandou oferecer-lhes seus préstimos.
Aceitaram e agradeceram.
Durante todo um mês receberam os filhos aulas individuais e intensivas, um sobre matemática e outro sobre português, que eram as matérias de reprovação. Chamados a exame na segunda época, ajudados também pelo Alto, que tudo observou, foram aprovados e promovidos ao terceiro ano.
Isto concorreu para afastar as nuvens pesadas, os mal-entendidos constantes, a turra, as provocações, as inimizades do vizinho, que acabou conquistado com a graça que os filhos receberam. E, assim de forma tão fácil, porque inspirados pelo Alto, dois corações inimigos se uniram, desobstruindo o caminho de suas provas remissivas.
O professor, espírito mais esclarecido, com o símbolo de favores, apagou o fogo da cabeça do adversário gratuito com a água do amor e acabou com o fogaréu de antipatias.
É uma verdade que devemos acertar nossas contas com o vizinho do lado, da frente, da retaguarda e da vanguarda, enquanto a hora nos é favorável.
Amanhã, todos os quadros podem surgir transformados...