O BIGULIN DO PADRE

Dia desses estávamos numa roda de causos, quando me disseram "essa você pode contar!".

Bem, confesso que eu fiquei me perguntando se não seria considerado sacrilégio eu recontar aqui no recanto um "causo" de padre que me foi contado por uma amiga.

Ela é uma mineira "da gema", uma contadora de causos como poucos que conheço e sempre nos faz rir muito com seus temas para lá de inusitados.

O tal causo se refere a um documentário, que diz ela ter assistido na TV, e como me garantiu que é verdade então resolvi narrá-lo aqui, só como curiosidade.

Antes um breve prólogo.

Não é novidade para ninguém que esse mundo mudou RADICALMENTE.

Mudou tanto que também não é raro que queiramos um pouco mais de sossego nesta vida, tanto nós como ATÉ os padres, aliás, havemos de desejar, de modo democrático, uma "vida de padre" para todos nós.

Vale dizer que nada mais se faz como antigamente, nem o sossego e nem a vida dos padres, claro, que hoje são moderníssimos, submetidos ao stress, já não usam batinas, viraram show mens, políticos, escritores, poetas, cantores, empresários, propagandistas, obviamente fazendo uso do seu direito de cidadãos deste mundo como qualquer um de nós, meros mortais, enquanto não avistamos a cidadania daqui, tampouco a do outro mundo do lado de lá.

Haja indulgências para o derradeiro sossego...

Ainda outro dia levei um susto quando vi um padre super famoso fazer propaganda do seu "livro-CD" numa publicidade de Natal, junto a uma grande rede de lojas populares, dentre os demais artigos de consumo ali anunciados.

Pensei: "No atual Jingle bells, ninguém escapa do consumismo natalino, nem os padres!"

Acho que muita gente também se assustou, talvez até o Bispo, porque o anúncio de repente sumiu...a jato!

O fato é que minha amiga viu lá na reportagem um padre cansado da reza da cidade grande e que resolveu mudar seu discurso para uma bela praia lá do nordeste.

Padre esperto e bem sortudo aquele. Digam-me: Afinal, quem , na atual conjuntura, ao menos na daqui de Sampa, não gostaria de se mudar para a tanquilidade Natural duma praia do nordeste?

Tudo seria bem natural, aliás, se a praia não fosse de Naturismo.

Bem, natural até que é por demais, o tal do causo.

Saibam, diz minha amiga que lá no documentário informavam que o padre se encantou com a praia de Naturismo, e eu acho que tal encantamento provavelmente se deva à influência do livro do Gênesis.

Ora, padre de bom gosto, fielmente preso às origens da humanidade...

Não vejo nada demais nisso, poxa! Acho até cultura teológica.

Todavia, houve uma vez que conheci uma praia dessas, e confesso, eu não tive coragem de encarar tanto naturismo com a tamanha naturalidade teológica daquele padre.

E daí começaram os burburinhos lá na roda do causo, todo mundo queria saber da minha amiga se a reportagem mostrou a naturalização da documentação natural do padre junto daquela bela areia naturista.

Fato é que, o melhor do causo, ela não sabia nos contar.

E lógico que fiquei algo preocupada, porque frente à quebra da natural camada de ozônio protetora da Terra, o Bigulin do padre correria muito perigo, nada acostumado aos estragos que o sol do nordeste opera nas peles das regiões mais sensíveis.

Mas logo sosseguei a galera: nada que um bom filtro solar não possa proteger...

Só não saberia indicar qual seria o fator de total proteção...para o padre.

Nesse causo, cada qual que escolha o seu!

Nota: Decerto que quando formos para o outro mundo, muito ainda nos ficará por ver...sob esta mais que rachada camada de ozônio.