"Currupião do Norte."

Em Cajazeiras, todos tinham trabalho, menos Jose Osvaldo. Trabalhava apenas para comer e dormia em qualquer lugar. Seu irmão, Teobaldo conhecido por todos como Téo, ao contrário, era muito trabalhador. Como o serviço era pouco ele procurou tal de Coronel Dioney. Se o capeta tivesse filho, este se chamava Dioney. Dizem que assentou Praça em Pernambuco, mas ninguém sabia onde. Chegou às Cajazeiras fardado, com uma enorme mala de viajem. Nessa época tinha muito homem valente, que por nadica de nada amarrava a camisa. O coronel entrou em um bar de jogatina. Não cumprimentou ninguém, já ganhando a antipatia geral. Como os botões de sua farda eram dourados e brilhavam, pensaram é sargento e rico vamos tirar vantagem. Quatro valentes bebiam no balcão, Jose Osvaldo era um deles. - Falaram, em terra estranha, quem quiser arrumar amigo tem que pagar uma bebida, mas o sargento elegante como está, deve pagar umas dez. - Nos olhos verdes do sargento via-se um brilho de cobra. Gostaria de pagar, mas de onde venho homem só paga bebida para homem, não para Quenga. Vocês quatro tem cara de Quenga. A resposta pegou a todos de surpresa, um dos quatro falou, - não sei se na faca ou na garruncha, mas de hoje o sargento não passa, nem pagando agora escapa. Levou a mão à cinta para largar imediatamente e por a mão na testa. A bala da Parabellum entrou na testa e tirou um tampo acima da nuca, para os outros três a sorte não foi diferente. A arma do militar parecia endiabrada furava peito e testa parece que não tinha outro lugar para acertar. Com os quatro sangrando no chão, o sargento falou. -Não sou sargento, sou coronel e meu apelido é Corrupião do Norte. Agora convido os amigos para beber, mulher e criança vão beber também, o Corrupião do Norte falou. Até o dono do bar que era doente, tomou dois dedinhos da branquinha. Depois falou, estou chegando para ficar, quero carne, farinha e pinga para mim e para meus amigos. Quem tomou menos foi o coronel, que tomou umas cinco. Guardou as armas na mala, foi ao balcão, pagou e foi embora. Dos clientes que ficaram vivos três se defecaram outros, parece que tinham perdido todo sangue e começaram a vomitar. Antes de o coronel sair, chegou à volante, um cabo e dois soldados. Antes que falassem alguma coisa, ouviu-se aquela vós de trovão, Cabo sentido, na hora ficaram durim durim. Estes homens tentaram me matar, espero que os senhores sejam minhas testemunhas. Todos concordaram na hora, acho até quem não tivesse visto assinaria como testemunha ocular. Ninguém tinha dinheiro, e o coronel visitou a fazenda maior da região. No dia seguinte assumiu, como grande senhor, a família viajou sem levar bagagem, viraram um cisco. Os empregados da fazenda foram convidados a ficar, o coronel falou não tenho nada a ver com isto, paguei quinhentos contos de réis, em dinheiro, mas quem quiser, ir embora, vamos fazer acerto pago todos os direitos, mas só fica comigo quem quiser. Como estavam empregados ficaram, alguns não quiseram e foram pagos, assinando recibo, ou colocando a digital com testemunha, recebia, mas tinham que ir embora. Nunca mais se teve notícias dessas pessoas, dizem que nem saíram da fazenda, viraram adubo de cana. Desses mandos e desmandos, se juntasse as terras do coronel, dariam para fazer um estado. Diziam que só o coronel já tinha benzido, despachado mais de trinta, tinha um pelotão de capangas, dentre eles o pior era o chefe do grupo, apelido Tapa de Onça. Dizem que, quem toma tapa de onça morre na hora, mas os cortes ficam como se o sujeito tivesse passado por uma fatiadeira de carne, ou mortadela. Tapa de Onça, quando tirava sua faca da cinta, só contava a história quem não tivesse na briga. Retalhou valentões de forma fria e maldosa. Sua feição não demonstrava amor nem raiva, fazia por fazer. Não sei se a capangada tinha mais medo dele ou do coronel. Embora fosse um comerciante desonesto o coronel tinha com o pessoal da fazenda, um tratamento especial, mas se você maltratasse um animal, sua vida ficaria pior que a dele. Morria no açoite, de tardezinha, o coronel tomava chá na varanda quando Téo chegou. Senhor Coronel meu nome é Teobaldo, preciso de trabalho, o salário desde que de para comer está bom. Naquela hora, entre os dois homens, um que nunca havia pegado numa arma, e o outro que só vivia por elas, surgiu uma simpatia, nada de sem vergonhice, apenas respeito e admiração. Téo começou a trabalhar no serviço mais humilde. O coronel via seu serviço com admiração. O homem trabalhava de verdade, só parava depois que todos haviam parado. Pensou, preciso deste homem para supervisionar o serviço. Tem que entender para cobrar. Assim começa a mais estranha amizade já conhecida. Sob o comando de Teobaldo, as colheitas dobraram, o leite triplicou, não morria animal no pasto. Saiu da colônia e veio morar na Casa Grande. A casa Grande era um verdadeiro quartel, a ala residencial era só do coronel, e os empregados da casa. A outra ala era dos capangas, uma terceira ala era da parte contábil. O coronel era ótimo administrador, só se envolvia nas pendengas se seus funcionários (capangas) não onseguissem resolver. Téo tinha cultura fazia a escrituração, deixou de ser camponês, virou administrador, assumiu a direção, era o braço direito do coronel. Tudo isto aconteceu em um ano e pouco. Falava pouco e não bebia, isto o coronel apreciava. Ainda não tinha salário, mas toda vez que efetuava pagamentos dois por mês, um dos capangas e ouro dos trabalhadores, peões. O coronel dava uma quantia e sempre sobravam dois ou três salários. Este fica para você dizia ele. Se fosse por no lápis, o melhor salário era o de Téo. O coronel ia viajar e precisava de segurança. Nessa empreitada ia o coronel, Tapa de Onça e Téo que levava uma mala cheia de dinheiro. Viajaram quase toda manhã, lá pelas onze o coronel falou para Tapa de Onça, pare que quero mijar. Pata de Onça estacionou e desceu. Dentro do carro ficou Téo. Pata de Onça levou um susto, porque Téo se aproximava por trás, que suste que me deu rapaz. Olhou de novo e Téo tinha na mão a Parabellum do coronel. Tá brincando rapaz isto mija na mão de criança, Téo falou é e disparou, Pata de Onça ficou com um terceiro olho. O coronel se aproximou que houve Téo, porque matou o homem? Ele iria atrapalhar o meu serviço coronel. O coronel estava desarmado, sua arma estava na mão do outro. Você venceu então me deixe morrer como homem, me dê uma arma. Rindo Téo falou, sempre dou chance para meu inimigo e jogou a outra Parabellum aos pés do coronel. Você é muito burro, eu sou o melhor com esta arma, e apontou para a cabeça de Téo. Que continuava rindo. Ele não ouviu o clic de sua arma descarregada, pois tomou um tiro na testa. E outro no peito. Naquele dia no bar o senhor matou meu irmão, mas eu sou armadilheiro, caço corrupiões. Encontraram o carro do coronel queimado, ele no volante, Pata de Onça ao lado e o corpo no banco trazeiro, também queimado irreconhecível era, bem só poderia ser Teobaldo o contador. Dali não foi feito nem autópsia. Curiosamente, o, coronel tinha vendido todas as terras para uma empresa holandesa, que fez varias doações para os trabalhadores, os capangas desapareceram. Esta história retrata uma situação que aconteceu o Brasil, este fato não é real. Mas houve muitos em que sitiantes e fazendeiros foram roubados e mortos para aumentaras fazendas dos coronéis. Homenageio um bom amigo, só não puxei muito o saco porque ele não merece (brincadeira)

OripêMachado.

Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 10/11/2011
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