O ENCONTRO COM A MORTE DIA DE FINADOS

Zé Moranga era um homem trabalhador, cumpridor do seu dever, porem não acreditava em nada alem da natureza. Filho de lavrador morando bem próximo à periferia de uma pequena cidade seguiu os ensinamentos dos pais somente até a adolescência.

Quando bebê foi batizado e recebeu o sacramento da crisma. Aos sete anos indo confessar para receber o sacramento da primeira eucaristia, deixou o sacerdote boquiaberto com sua filosofia e a forma de encarar a vida. Preocupado com a maneira de pensar do garoto o padre procurou seus pais afirmando que jamais o menino deveria ser criado com aquela filosofia, caso não revertessem à situação estariam criando um ateu de primeira categoria, o que não seria nada bom para a comunidade, porque poderia se transformar em um monstro.

O fato deixou a mãe preocupada, sendo ela uma pessoa muito humilde e de muita fé. Chocada com a preocupação do religioso, ela colocou nas mãos de Deus o destino do filho.

Obediente ele acompanhava às missas nos domingos, e nunca deixou transparecer nem uma anormalidade. O garoto de fato tinha um Q.I. Super avançado. E sempre prevalecia sua maneira de pensar, ante a opinião do padre que se sentia na obrigação de evangelizar seu rebanho.

Passou-se o tempo Zé já não era mais criança, deixou de freqüentar a igreja, a mãe já não mais o dominava embora ele seguisse seu principio cultuando um profundo respeito pelos pais.

Observador como sempre foi, se tornou verdadeiro discípulo da natureza. E ela como sempre a retribuir seu trabalho. O sitio dos pais, que antes mal produzia o suficiente para sobrevivência familiar, administrado pelo jovem, passou a abastecer de legumes e frutas toda a demanda da cidade.

Usando uma técnica até então inédita, ele cresceu economicamente tornando no mais bem sucedido empreendedor, dominando de forma fantástica toda a economia do município gerando milhares de empregos nas diversas empresas que constituiu.

O que motivou o apelido de Zé Moranga foi o logotipo criado por ele usando uma moranga como símbolo em todos os seguimentos empresariais de sua propriedade. Uma forma de homenagear a natureza que para ele era a razão de ser de seu sucesso.

O padre que viu o moleque crescer física e financeiramente, vivia se questionando -, como pode um homem que só crê na natureza se tornar um empreendedor de tamanha capacidade, capaz reformar a igreja creches e outras ONGS beneficentes e dispensar as bajulações e homenagens que lhe prestavam?

Aproximava o dia de finados e o padre resolveu pregar-lhe uma peça e fez a ele um desafio. O convidou para uma reunião no cemitério a meia noite, no dia de finados ele aceitou. Mas com uma condição que o padre convidasse a morte para participar. Ele então respondeu - impossível, sabia da existência da morte, mas não tinha seu endereço.

- Então façamos o seguinte eu sempre consegui colocar em prática todos os meus projetos e objetivos eu lavarei a morte e o senhor fica na incumbência de convidar e acomodar todos os falecidos!

- Como eu farei isso? – Você não disse que estão todos lá -, se vire da morte cuido eu!

Tudo acertado, a meia noite o padre que não era muito corajoso estava no portão de entrada do cemitério com a bíblia na mão a espera do Zé que foi buscar a morte. Esperou uma duas horas, e nada do Zé aparecer, impaciente estava para desistir quando estaciona uma Ferrari ultimo tipo no portão de entrada, imaginando ser o Zé o padre aproximou do veiculo.

Quando a porta do carro se abriu, desceu a motorista uma mulher elegante, bem vestida. Admirado padre exclamou: -óooh...Imaginei ser o Zé!!!? –Não, sou eu! O carro o Zé cedeu-me como empréstimo!–E quem és tu? – Eu?... Sou a loira do cemitério já ouviu falar dela?

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 03/11/2011
Reeditado em 04/11/2011
Código do texto: T3315637
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