Cinco crendices e superstições mineiras( Parte 5 )

1-Quando pessoa ou animal se engasga é preciso fazer um rosário com rodelas de sabugo de milho e colocar no pescoço do engasgado e também correr no fogão a lenha e virar o tição ao contrário.

(Sei não... Mas fiquei pensativa nessa crendice, imagina o tempo que se leva para cortar os sabugos, fazer o rosário, virar o tição no fogo. Dependendo do caso, acho que o coitado não aguenta esperar).

2-Para curar tosse comprida (Coqueluche)

Pegar nove pregos virgens... Durante três sextas feiras seguidas, antes do sol nascer é preciso fincar três pregos num pé de mamão, quando chegar última sexta feira e acabar o último prego, a criança está curada e o mamoeiro morre.

(Minha vó não deixava ninguém fazer esta simpatia no pomar dela, por isso não sei se funcionava)

3-Muita gente acredita em feiticeiras e pessoas com olho gordo. Há quem jure que matam uma planta só com o olhar.

(Quando mudei para a cidade e me enturmei com as crianças vizinhas, soube que uma velhinha lá da rua era feiticeira, morríamos de medo da “Dona Izidora” que plantava verduras e legumes para vender, a cerca era de bambu, a víamos regar a horta com seu pinico toda manhã e nunca contamos a ninguém, por medo do mau olhado e dos feitços dela).

4- Os antigos acreditavam que quando alguém tinha torcicolo, dor nas juntas, dor na coluna, era só procurar uma Maria virgem que soubesse rezar terço. Aí, era só pedir a ela uma peça do vestuário que estivesse usando na hora, Maria tirava a roupa e entregava à pessoa que devia cobrir o local da dor com a mesma, diziam que sarava na hora.

(O nome Maria é acompanhado de tanta crendice. Dona Rominha me afirmou que nunca soube de simpatia com Joanas, Rosas e Luzias virgens, será que os antigos esperavam que as Marias morressem virgens e rezando?)

5-Quando chovia pedra (granizo) o jeito de acalmar a tempestade era colocar ervas bentas para queimar e cantar rezas em voz alta.

(Era pecado dizer que estava chovendo pedra, nesta hora minha vó falava que chovia flores. Nunca me esqueci um dia que a chuva de granizo destelhou toda a casa,tivemos que ficar debaixo da cama até meu avô chegar da roça para arrumar o telhado. Apavorada eu dizia:

—Ô vó, as fulôr tá quebrano as têia tudo).

Nota: Dona Rominha, uma conterrânea, quem me contou a do mamão, do Rosário de sabugo e da peça de roupa da Maria virgem. As outras eu me lembrei. Qualquer dia eu vou escrever as benzições que ela me ensinou.

Foto: Rio São Francisco, pouco abaixo da Casca D'anta.