O Dia Santo e a Tempestade

“... nem sempre o que consideramos apenas uma coincidência, é uma coincidência...”

Mal iniciado o segundo semestre de 1 987, em Ilha Solteira, começaram os planejamentos para as comemorações do aniversário da cidade (15 de Outubro). A Administração coordenava as atividades e as Escolas tinham a liberdade de participar ou não. A APM do Colégio Euclides da Cunha, tendo como presidente o Pai Euro Martins, optou em levar pro Estádio Frei Arnaldo uma barraca de comida Árabe (Bar Hacka). E assim os dias foram passando. Certa feita entro na sala da Selma (Orientadora Educacional) e ela estava conversando com Iria (Coordenadora Pedagógica). A conversa era sobre o Medium Chico Xavier, que teria dito que ia haver uma grande tragédia numa festa popular numa cidade do Oeste Paulista. Levei um susto! Encucado como sou, me lembrei da nossa festa. Mas guardei comigo a preocupação. “Num botei fogo no sapecado”, como dizia minha Mãe. Ninguém mais tocou nesse assunto. Até eu me esqueci. “Calorzão” de mês de Outubro seco em Ilha Solteira. Bastava ser Ilha Solteira. Nem precisava ser Outubro e muito menos estar seco pra se ter “calorzão...” A festa começou com tudo... Terminaria no dia 12 (Feriado de N.Senhora Aparecida), na parte da tarde e entrando pelo começo da noite... Duas horas da tarde do dia 12, toda a população estava no estádio. Muito calor e um ar esquisito (prenúncio de tempestade). Repentinamente, com o ar totalmente parado, grandes nuvens locais começam a encobrir o sol. Trovôes surdos. Encima. E de repente grandes pingos. Todos aplaudem. “Vai refrescar o calorzão”!!!, diziam. Em seguida, misturados aos pingos, grandes granizos com aparência de capuchos de algodão. A criançada sem perceber o que ia acontecer dentro de instantes, fazia a festa pelo gramado. A primeira rajada de vento veio do lado Norte, com muita força. Os pais recolheram as crianças. Poucas continuaram a festa no centro do gramado. Uma segunda rajada muito mais forte do lado Noroeste ( Selvíria), joga pequenos galhos quebrados da renque de Eucaliptos que ficava atrás das barracas, por cima delas. A Terceira rajada, esta mais forte e com maior duração, quebra ao meio o enorme e último eucalipto do lado Sul. Os demais rangem e se tornam ameadores. Uma voz (Anjo da guarda que estava de plantão???) “. Saiam das barracas que as árvores vão cair”!!! O pânico tomou o estádio que minutos antes era o palco de uma festa. Na nossa barraca estavam minha sócia e meu filho(15 anos). As três meninas deveriam estar no palco a leste para uma apresentação de danças. Ao sair correndo olhei pela linha do campo sentido Norte-Sul e vi: Lonas, mesas, cadeiras, muita gente e Eucaliptos caindo, cortando ao meio barracas que ainda não tinham perdido as lonas. A cobertura do palco onde minhas filhas dançariam voou como se fosse um monte de penas na palma da mão sofrendo a ação de um forte sopro. Então eu disse pra mim mesmo em voz alta: “ A PROFESSIA DO MEDIUM CHICO XAVIER SE CONSUMOU, ESPERO APENAS QUE A TRAGÉDIA NÃO SEJA TÃO GRANDE”!!! Poucos segundos e o vento que já havia mudado de direção três ou quatro vezes praticamente parou. Só uma chuva pesada. E por poucos segundos. Calmaria total e o sinistro ruído das sirenes das ambulâncias que já começavam a chegar ao local. Resultado: As dançarinas ainda estavam concentradas no Clube Cais, onde quase nada aconteceu. Parte da cidade com árvores caídas e telhados destruídos. E O MILAGRE. A laje do Banespa, pesando dezenas de toneladas desceu a prumo, não deixando um só móvel inteiro. Se não fosse aquele dia o feriado em homenagem à Padroeira do Brasil, estariam ali, como de costume, mais de cem pessoas. Balanço final: Por MILAGRE, nenhuma só vítima com ferimentos graves... (oldack/14/10/011). Tel. 018 3362 1477. X

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 15/10/2011
Reeditado em 18/10/2011
Código do texto: T3278018