O Dia da Vingança e a Frustração
“...O fato de todos terem os mesmos direitos pode tornar o ambiente assustador...”
O presente “Causo” remonta aos inícios dos anos 50, numa leitura que fiz em um conto de ficção, publicado pela Revista norte americana, chamada Seleções do Reader’s Digest. Era uma revista de fundo extremamente ideológico, mas que deixava seus resíduos positivos: O estímulo à leitura. Embora proibidos pelos adultos, as crianças tinham sua iniciação na leitura através dos GIBIS. Daí prá se começar a devorar textos sem quadrinhos era um pulo. Os adultos alegavam que esse tipo de leitura nos tornava preguiçosos, porque não nos interessávamos mais por textos de estudos (?) e até mesmo, pelos textos bíblicos. Que menino trocaria uma revista do Pato Donald, em tamanho grande, por uma cartilha onde “O bebê baba”, “Casa é da Zazá” e “A macaca é má” (preconceitos à parte)? Hoje é comum, pais e professores fazerem verdadeiro malabarismo prá levar o jovem à leitura, e nada conseguem. Se os adultos da época ainda estiverem vivos devem morrer de saudades daqueles preguiçosos. Acredito que deixei de ser analfabeto funcional, graças a essas “marginais leituras”, e não à Escola. Mas vamos ao que interessa!
Os Norte Americanos (EEUU) têm como tradição, dar liberdade aos seus Estados de cada um fazer suas próprias leis. Diz o conto de ficção, que um certo Estado, aprovou uma lei que todo cidadão teria, um dia estadual, prá liquidar um desafeto sem ter que dar satisfação à justiça. Naquele dia cometer um homicídio contra uma única pessoa não era crime. No começo todo mundo achou estranho, mas ninguém se preocupou, até porque tinha um período de carência, cinco anos.
Mas o tempo foi passando e o dia fatídico começava a ficar menos distante. Embora a preocupação fosse ficando cada vez maior ninguém ousava comentar, com medo de despertar no outro a saga assassina. Cada cidadão apostava na falta de memória do outro. As autoridades, em alerta, seguiam o mesmo caminho. A justiça não tinha com o que se preocupar, porque um homicídio naquele dia não era crime. Mas e as funerárias? Como agiria a demanda? E os cemitérios? Os hospitais se preocupavam com o pessoal de má pontaria. Os comerciantes de armas procuravam, sem alarde, aumentar seus estoques. A Policia até tinha esperança que ficaria mais aliviada, uma vez que o alvo em questão tinha alguns pontos em comum com sua clientela.
E o Dia chegou. Estava nos meados da primavera. Muito sol. Céu azul. Temperatura amena. Era convidativo ao trabalho. Ao lazer. Aos passeios ao ar livre. Mas... Ninguém nas ruas!.. Os hospitais não registraram nenhuma chamada. Os pronto socorro, ficaram às moscas. Tudo estava parado. INACREDITALMENTE, NAQUELE DIA NÃO HOUVE UM SÓ ÓBITO. (Oldack/03/07/010). Tel. (018) 3362 1477.