Ditinho bom coração
Ditinho bom coração
“Acorda Ditinho... já são oito horas..”.
“Ah maieeeeee, hoje não tem aula..., e ainda nem senti o cheirinho do café”.
“Pois é Tinho, se tivesse aula você já estaria lá. E por falar em café... preciso de um favorzinho”.
“Ai meu São Benedito, eu durmo e acordo fazendo favor... que será dessa vez?”.
Assim acordou Ditinho para mais um fim de semana diferente, digo diferente porque quando chegou na cozinha, estômago roncando de fome, qual não foi sua surpresa... Ainda não tinha café.
“Mas mãe cadê o café”.
“Então Benzinho, esse é o favorzinho, vai lá na venda do Seu Zico e compra uma bengala, um pacote de manteiga e dois quilos de café bem pesados, e fica de olho que seu Zico é doido pra deixar uns gramas a menos”.
Até o Zé Milton seu irmão se intrometeu na conversa...
“Doido não mãe, é malandro o danado...”.
“Não fala assim Milton ele no fundo é uma boa pessoa...”
E o Zé Milton retrucou...
“Só se for bem no fundo!!!”.
“Ah chega de conversa mole, vai lá Ditinho e busca a encomenda”.
Ditinho virou-se e seguiu em direção ao armazém do Zico. Altivo, extrovertido e principalmente serelepe em dose dupla ia pela rua cumprimentando os conhecidos e os não conhecidos também, se tiver um joguinho de bola de gude pelo caminho, daí com certeza o café ia fica pro almoço...
Bom, a sorte foi que não tinha joguinho não! Mas ele seguiu encafifado com o diálogo entre seu irmão e sua mãe...
“Malandro sou eu, quantas vezes me chamaram de malandro, já até perdi as contas, eu quero é ver se esse seu Zico me passa alguma conversa!”.
Chegou então ele ao armazém todo contente, dinheiro contado na mão...
“Bom dia, seu Zico, como vai a família”.
“Tudo bem Benedito, e sua mãe como vai? E você o que faz tão cedo aqui?”.
“Minha mãe tem passado bem graças a Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo... Que me guarde e de força também. Sabe o que é seu Zico eu preciso de pão, café e manteiga!”.
“Então espera um bocadinho que eu vou chamar o Tônico pra te atender...”
“Não senhor, minha mãe mando eu pedi pro senhor... Eu espero”.
“Tá certo Ditinho, não precisa ficar bravo, eu te atendo... Fala o que você precisa?”.
Ditinho então e abaixou o tom de voz, aproximou-se do seu Zico e disse...
“Não pode ser aqui não seu Zico!”.
“Não pode ser aqui o que Benedito?”.
“Aqui na frente sujeito, tenho que te pedi bem lá no fundo!”
“Como assim menino, que fundo?”.
“Lá no fundo do armazém ué!”.
“Ai Benedito lá vem você com as suas... Vamos lá vê o que você vai apronta dessa vez!”.
Ao chegar ao fundo do armazém Ditinho avistou uma portinha e perguntou...
“Seu Zico aquela portinha vai mais pro fundo?”.
“Vai, claro!”.
“Então tenho que fala lá...”
“Está bem moleque, vamos lá”.
Chegando lá no fundo dos fundos do armazém, curioso e encafifado seu Zico fala...
“Fala menino, fala porque tem que fazer suas compras aqui no fundo...”
“Ah, é porque meu irmão e minha mãe disseram que o senhor é meio malandro e engana a gente, mas que se fosse bem lá no fundo, com certeza o senhor teria bom coração e não me enganaria colocando menos café!”.
“Ai Benedito, só você pra me fazer rir”...
“Hummmmmmmmmmmm”