Cinco crendices e superstições mineiras ( parte 1 )

A idéia de escrever sobre crendices não é nova, porém, após ler páginas como a de minha grande amiga goiana Meire Boni - onde criou um texto muito bem elaborado falando sobre: “Presságios e superstições que as aves carregam” - e também do meu nobre amigo pernambucano Alberto Vasconcelos - no qual escreve sobre “Sabedoria popular” - me surgiu o ímpeto de também escrever sobre crendices mineiras.
Eu cresci cingida delas, minha avó e bisavó maternas, por exemplo, eram verdadeiras enciclopédias no assunto, então, vou postando aos poucos, à medida que for lembrando, compartilhando com vocês aquilo que tanto me dá gosto.

1- Quando uma pessoa torra café no fogão a lenha, não pode pegar friagem, sair no sereno, nem tomar banho por dois dias. Se fizer, estupora. Ou seja, vira a cara para a cacunda.

( Minha avó tinha uma vizinha que torrava café semana inteira. Banho era só aos domingos...)

2- Pessoa quando é ofendido por cobra venenosa, mesmo com o soro antiofídico, tem certos preceitos a seguir: não pode comer nada remoso, isto é, gorduroso, também precisa ficar um mês em abstinência sexual, se facilitar, fica inválido para sempre.

( Um parente foi picado por jararaca, a mulher dele foi dormir na casa dos pais por um mês, achou melhor prevenir que remediar.)

3- Antigamente antes do soro antiofídico, quando uma pessoa era picada por cobra cascavel e se tivesse comido ovo frito no dia, nada cercava, morria mesmo! Porém se tivesse comido jiló se salvava.

(Tive um tio avô, o tio vicente, que só comia ovo nos dias de domingo, ele carregava um mexido de jiló na marmita da roça todo santo dia. O Seguro morreu de velho.)

4- Quando se varre uma casa, se por acaso a gente varrer os pés de uma pessoa solteira, esta não se casa nem a poder de reza brava.

(Meus irmãos quando solteiros diziam que não queriam se casar, mas se a gente fosse com uma vassoura pro lado deles, subiam até nas mesas. Ô medo de ficar beato né?).

5- Criança que faz xixi na cama, fica curada se a mãe cozinhar uma crista de galo virgem com sal, colocar num prato branco e mandar a criança comer embaixo da cama, porém, a criança nunca poderá saber o que está comendo.

(Lembro-me que um dia, minha avó fez esta simpatia com a filha de uma comadre, lá da roça. Vi quando a crista estava sendo cozida e na hora que a menina estava debaixo da cama comendo, fui lá e contei para ela que comia crista de galo porque era mijona na cama! Joaninha cuspiu tudo e não tiveram o efeito desejado. Esse dia fiquei de castigo.)

 
Maria Mineira
Enviado por Maria Mineira em 23/09/2011
Reeditado em 26/07/2013
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