A festa do perdedor

05:30 da manhã e a pista de dança já está praticamente vazia, quase todo mundo já foi embora e você permanece sozinho. Olhando ao redor só enxerga alguns bêbados dormindo e ou vomitando pelos cantos, ou inventando passos bizarros de dança enquanto soluçam e derrubam suas bebidas no chão e nas próprias roupas.

Parece que tudo chegará ao fim novamente.

Aquilo que os demais ousaram até mesmo chamar de festa lhe soa como enganação, para você não ouve diversão, apenas uma briga incessante que travavas com a angústia e com a raiva, você tentava afogá-las em álcool, mas estava perdendo a batalha.

Escorado na parede com sua vigésima garrafa na mão, olhando desanimado, e tendo a certeza de que desperdiçara mais um fim de semana, que gastara dinheiro e tempo em vão. Você viu diversos casais alegres, e pessoas rindo e dançando, mas a única coisa que conseguiu fazer foi beber e ficar remoendo sua raiva sozinho.

05:30 e tudo que você quer é chegar logo em casa, deitar em sua cama fofa, ver o teto girar, dormir profundamente por 12 horas e acordar sem se lembrar nada da noite anterior, o que dificilmente costuma acontecer. Mesmo parecendo loucura, o que você quer é que seu trabalho tedioso, faça com suas lembranças se apaguem e já não mais existam no próximo sábado. Talvez aproveitará o próximo fim de semana.

Música ruim zunindo dentro de seus ouvidos, cabeça pesada, garrafa em mãos, um gosto ruim na boca, sem muito dinheiro nos bolsos, tristeza e melancolia no olhar, sentindo raiva, muita raiva.

Você até tentara uma vez ou outra, apenas para ver se as horas passavam mais depressa, ou na esperança de ver a felicidade lhe sorrir mesmo que apenas por algum instante. Entretanto recebeu meia dúzia de “nãos”, nem mesmo a garçonete gordinha e de meia idade lhe deu grande atenção. Ela aceitou sua bebida, mentiu o número de celular e disse que precisava voltar ao trabalho.

Inevitavelmente tudo parece perdido. Você olha para o teto, para as paredes, para o chão, e então sente uma mão delicada lhe tocando o pescoço, levanta a cabeça, coça os olhos, e acaba enxergando uma bela morena, de olhos verdes, boca carnuda e com um vestido negro bastante curto. você sorri meio sem jeito, ela responde com um belo sorriso. Ela se aproxima do seu ouvido e fala alguma coisa, você não entende nada, o barulho da música ainda está dentro de sua cabeça pesada. você resolve arriscar, é tudo ou nada. Aproxima seus lábios do dela, e ela lhe agarra com vontade. Um longo beijo de 15 ou 20 minutos. Uma grande troca de saliva.

Você lhe paga uma cerveja, com um sorriso no rosto, ela também mente o número do telefone e se despede sem nem ao menos agradecer pela bebida. Você se sente renovado, a melancolia que vencerá a bebida acabara de sucumbir diante daquela morena de olhos claros.

Meia hora depois você está vomitanto, fazendo gargarejo com cerveja, socando a parede, e gritando enlouquecido, pois descobrirá através de um transeunte que aquela era a "Garota que engolia".

Ela já era famosa no lugar, você era novato no estabelecimento, não tinhas como saber. Ela chupou inúmeros membros pulsantes de todos os tamanhos, naquele mesmo banheiro masculino, no qual você vomitava somente pelo odor toda vez que tinha que entrar para esvaziar a bexiga. Incrivelmente não a vira nenhuma vez, talvez até a tenha visto de relance, mas não prestou atenção, já que sua visão estava embaraçada devido ao excesso de álcool fluindo em seu sangue. Ela apenas queria alguém para trocar saliva, e tirar o gosto de porra da boca, algum idiota que lhe pagasse algum drinque sorrindo, um novato, obviamente.

Mas tudo que é ruim, tende a piorar, e aquela noite seria ainda pior. 10 minutos após você se despedir da "Garota que engolia" você acabou surpreendido com uma ruiva que chegou lhe abraçando. Ela veio cambaleando em sua direção, de forma desnorteada, você ainda em estado de extâse, resolveu se aproveitar da situação e a beijou, ela retribuiu. Mais um longo beijo. Duas gostosas em menos de uma hora, você se sentia nas nuvens, não conseguia descrever o sentimento de felicidade que sentia. E somente agora socando a parede, você descobre que a ruiva era a "senhorita scatter"...Sim, meu caro, essa coisa marrom nos seus dentes não é chocolate, mas aquela coisinha dura que você acabou de cuspir talvez seja mesmo amendoim, nunca se sabe.

Beckerf
Enviado por Beckerf em 06/09/2011
Código do texto: T3204194
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