Uma Questão de Interpretação

Dizem que errar é da natureza humana, mas, incorrer no erro é ser humano demais., Meu amigo Mário Melo quando operava o rádio do seu venho avião um Cessna 170, freqüentemente cometia esse pecado, escutava uma coisa e interpretava outra.

Estávamos construindo uma série de pontes entre as cidades de Angicos e Mossoró - RN, como também uma razoável quantidade de agencias bancárias para o Bando do Estado da Paraíba. As agencias do Paraiban eram tantas e tão espalhadas pelo Estado, que fomos obrigados a recontratar algumas delas com firmas da nossa cidade Campina Grande, entre elas a Construtora Edson de Sousa do Ó.

Para a realização das constantes viagens contratamos dois aviões monomotor, um de propriedade de Mário Melo e outro do Dr. Sebastião Ernesto dos Santos, “Coquinho” já falecido, e, por triste coincidêencia, numa destas viagens, seu avião ao decolar do Aeroclube de Campina Grande, caiu no local onde hoje se encontra a fabrica da Wallig, morrendo no local “Coquinho” e seu encarregado de obras..

Naquela época estava havendo no nordeste uma grande falta de cimento, obrigando as construtoras a importarem o produto de uma empresa Colombiana. Quem fazia as importações era uma firma de Natal - RN

Certa vez retornava de Mossoró, eu viajava a bordo do velho avião do Mário Melo. Nosso destino a cidade de Natal, onde deveria comprar mais uma nova partida do tal cimento importado. O vôo transcorria normalmente, quando divisamos no horizonte as dunas de areia que circundam Natal Em menos de cinco minutos estávamos sobrevoando a cidade em direção a Base Aérea de Parnamirim, onde se encontra localizado o aeroporto da cidade. Mário faz a aproximação, liga o rádio e passa a se comunicar com a torre de controle do aeroporto, para solicitar permissão para o pouso, e,. . .

- Atenção, atenção, torre de controle, aqui fala a aeronave PT-BPA (Papa, Tango, Bravo, Papa, Alfa) vinda da cidade de Mossoró RN. Solitita permissãom para pouso !

De imediato fomos atendidos pela torre e passamos a escutar pelo rádio, um ruído semelhante a um besouro dentro de uma caixa de papelão. Por mais que tentasse aguçar o ouvido, não conseguia entender uma só palavra. Olho para o Mário e pergunto:

- Mário o que foi que a torre falou ?

- Eles autorizaram o pouso ! Respondeu Mário com convicção

- Tudo bem ! Falei sem nada entender

Mário diminui a rotação do motor, arreia os “flaps” e se encaminha para o pouso. Quando íamos chegando na cabeceira da pista, uma grande sombra passa rapidamente sobre o nosso pequeno avião. Tive o susto tão grande que quase boto o coração pela boca. A bruta sombra era nada mais, nada menos , que um Eletra da Varig, fazendo o seu pouso na mesma pista e ao mesmo tempo que nosso aviãozinho.

A turbulência provocada pelas quatro turbinas do Eletra foi tão grande que nosso aviãozinho foi jogado em todas as direções, tal qual uma pluma na frente de um grande ventilador. Mário fez o possível e até o impossível para estabilizar o avião e as duras penas conseguiu, puxou a maneta do acelerador ao maximo e arremeteu, pegando altura rumo a Campina Grande.

A compra do cimento ficou para outra oportunidade. . .