CACHAÇA
A cachaça, como dizia Rubem Braga, “é o sangue da terra”. Sua história se mistura com a História do Brasil. Dizem que os nossos colonizadores, para cativar os índios, davam-lhes de presente cachaças. No meu tempo de menino contavam uma passagem, no mínimo pitoresca. Meu avô, ao realizar o casamento de duas filhas, preparou fartos comestíveis, tudo na mesma data. Pediu a meu tio para matar oito perus, mas no moinho, pois minha avó não queria vê-los morrer, tal era a afeição nutrida pelos “gluglus”.
Meu tio levou-os juntamente com um garrafão de pinga da boa. Dizem que o peru, ingerindo pinga, fica com a carne macia e saborosa. Mas aconteceu que meu tio sumiu com os condenados perus. A demora foi tanta que meu avô foi ver o que acontecia. Chegando lá deparou com a seguinte cena: alguns perus já caídos de bêbados, outros cambaleando e meu tio, “supermamado”, com uma faca na mão, dizendo aquela linguagem característica de bêbado: “Ninguém vai fazer mal aos meus amigos, ta falado!”