A VIDA COMO ELA É!

Quando olhava o jornal Luna leu em letras garrafais algo que lhe chamou a atenção. Nos próximos dias estaria em cartaz, no Teatro São Pedro em Porto Alegre, uma peça, que pela composição do elenco deveria ser maravilhosa, representada por atores conhecidíssimos das telenovelas brasileiras. Uma comédia.

Começou a fazer planos e com certeza iria, pois tudo o que estava relacionado à cultura a encantava e não media esforços para concretizar seus sonhos. Era uma forma de aprender, sair, distrair-se, enfim conviver com pessoas que admiravam a arte.

Chegado o dia do evento, arrumou-se com esmero, pois o local assim o merecia e foi acompanhada de sua melhor amiga. Já tinha adquirido os ingressos com antecedência, pois quando queria algo providenciava antecipadamente.

Julietty, sua amiga, moça bonita e vistosa, gostava mais era de aparecer. Não se preocupava muito em adquirir cultura, mas sim nas oportunidades de crescimento social, pois com certeza a imprensa lá estaria para cobrir o espetáculo. Eram opostas em alguns aspectos.

Chegaram cedo e depois de localizarem suas poltronas acomodaram-se. Luna já conhecia o teatro, suas galerias, camarotes, palco, mesmo assim sempre encontrava detalhes em sua arquitetura que a deixava maravilhada. E aquela luminária com seus pingentes de cristal emanando brilho e energia ímpar, sem comentários. Verdadeira obra de arte edificada no século passado.

Aos poucos foram adentrando os expectadores. Luna não via as pessoas. Sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo. Não deu importância. Sempre tinha esta sensação quando algo ia acontecer. Como estava maravilhada com tudo, pensou que seria devido ao entusiasmo. Sua amiga só tinha olhos para as pessoas ao redor. Parecia que não se importava com nada. Neste aspecto ela não era nada delicada. Muito pelo contrário, pode-se dizer, meio escandalosa.

No horário previsto, as luzes se apagaram e deu-se início o espetáculo. Como é bom rir, “desopilar o fígado”, como sua avó dizia. A peça era realmente para darmos boas gargalhadas.

Quando terminou a apresentação, ao se dirigirem a saída, Luna caminhando lentamente continuava a admirar o ambiente, quando de repente, não observando um degrau, tropeçou, foi ao chão sendo motivo de riso de alguns e sentindo o olhar de reprovação de outros, principalmente Julietty, que lhe mandou um olhar tipo “roubastes minha cena”. Mas o melhor estava por vir, pois ao levantar os olhos, deparou com mãos estendidas que a auxiliaram levantar. Mais pasma ficou quando viu quem era. O bom anjo que lhe estendeu a mão era o ator principal, Reinaldo Gianecchini, aquele moço lindo, ator principal da peça que gentilmente perguntou a ela:

- Você está bem?

Luna, embevecida e com voz quase sumida respondeu:

- Sim, fui descuidada.

Nisto eles notaram que estavam sendo alvo dos flashes dos repórteres que não hesitaram em registrar o momento e que possivelmente nas próximas edições de revistas estariam sendo manchete.

Luna ainda sob a avalanche de fotos continuou a sorrir, pois além de ter ganhado um novo amigo, sabia que melhor popularidade nunca conseguiria, e aprendeu que “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios” (Chaplin)

Soninha Rostro
Enviado por Soninha Rostro em 30/08/2011
Reeditado em 02/09/2011
Código do texto: T3191814