A CAMIONETA ANGLIA:

MEU PRIMEIRO CARRO

Meu primeiro carro não era um carro, mas sim uma camioneta da marca Ford Anglia adaptada. Originalmente foi um sedan 4 portas vindas de São Paulo a grande capital de onde se origina muita bizarrice.

Essa então foi demais, pegaram um automóvel certamente sinistrado, cortaram-no ao meio, isto é a lataria, deixando o chassi com a parte do meio para frente transformada em camioneta.

Ela era tão “petititinha” que na cabine cabia duas pessoas em bancos individuais adaptados por algum serralheiro criativo.

Quando saíamos em quatro pessoas bastava colocar uma taboa sustentada pelos dois bancos e quarta pessoa sentava no colo da terceira. Passear nela era uma zorra.

Vez por outra passando pelos pontos de ônibus da Avenida W-3 Sul, as pessoas que nos viam faziam sinal de positivo com o dedo cata-piolhos notavam a bizarrice paulista e nem olhavam para os Galaxies, Sincas, Vemaguetes ou o barulhento jipe Candango.

O limpador de pára-brisas móvel era manual, bem como a setas de direção e ela a minha camioneta, com sua minúscula carroceria de madeira cuja capacidade não ultrapassava a 2 tambores de duzentos litros.

Como não devia deixar de ser ela era cercada por dois pára-choques cromados de fusquinha.

Não raro ao entrar nas curvas ela emitia um urro parecendo mais um jegue no cio.

O interessante mesmo foi quando fomos assistir ao filme 2.OOO A Odisséia do Espaço. Ao sair do Cine Brasília ela não quis dar a partida. A solução foi manobrá-la na contra mão aproveitando a descida onde no tranco ela resolveu a funcionar.

Eu acho que ela fez isso motivado por ver tanta tecnologia no filme e a gente num calhambeque lindo fabricado nos primórdios da industria automobilística inglesa...

Goiânia, 27 de agosto de 2011.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 26/08/2011
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