ANGELUS INFORMAL
A religiosidade no Brasil é muito forte. Com o avanço da tecnologia eletrônica a divulgação dos cultos religiosos integrou milhões de devotos. Quando o rádio era bastante precário já ouvíamos programas religiosos, principalmente católicos. “A hora do Ângelus” às 18h, com a tradicional oração da “Ave Maria” era e é sagrado para muitos brasileiros. Qualquer cidade de grande e médio porte tinha, nos rádios, o devotado programa das 18h. Havia um que não esqueço, era no Rio de Janeiro, apresentado por Júlio Louzada. Ficou tão famoso, que virou música carnavalesca. Era assim: “A mulher do meu maior amigo me manda bilhete todo dia, desde que me viu, ficou apaixonada, me aconselha seu Júlio Louzada, até no meu trabalho já foi me procurar, preciso de um conselho para me orientar, no telefone me procura toda hora, qualquer dia a patroa vai embora”.
Havia em uma cidade mineira um programa da oração “Ave Maria” com grande audiência. Era tão fervoroso em suas preces, que seus ouvintes solucionavam problemas de saúde, financeiros e discórdias. Muitas vezes arrancando lágrimas de seus comoventes ouvintes.
Esta cidade recebeu a visita de um radialista, que também apresentava a hora da “Ave Maria” em sua cidade. Foi prestigiar o colega. O apresentador local deu um show de pastoralês, falando para a compreensão popular, mas numa linha transcendental capaz de invejar os sábios teólogos. Geralmente inserido para a comoção coletiva.
Terminado o programa alguém da equipe técnica esqueceu de desligar o transmissor externo e ficou a escuta de conversas informais. Foi quando o apresentador disse ao colega visitante: “Viu só Valdir, que Ave Maria Macha!”.
Daquela tarde em diante a audiência da “Ave Maria” caiu vertiginosamente.