Histórias de seu Hugo
Homenagem para Seu Hugo, meu sogro (In Memorian).
Esse conto é fato.
Em plena noite, fui eu, minha esposa e meu sogro para uma casa de dança. Lá chegando, procuramos a mesa que estivesse mais próxima à “pista”, para melhor ouvir a orquestra e observar os casais dançando.
Meu sogro se levantou e me disse ao pé do ouvido, em tom de desafio: “Vê como é que se faz”. Dirigiu-se a uma mesa quase central, onde estavam seis mulheres, entre senhoras e jovens (35 a 70 anos).
Fiquei observando o porquê do desafio. Pensei, ele vai chamar alguém e vai ficar se “amostrando” dizendo ser o pé de valsa da parada. Para minha surpresa ele chamou a mais feia da mesa; bota feia nisso. Uma senhora de cara rebuscada, não dançava nada, pisava no pé do meu sogro, como um “gentleman”, ele lhe dizia em seu ouvido algumas gracinhas e a mulher sorria encantada.
Ao voltar para mesa, ele sentou, bebeu a sua água tônica, respirou fundo e limpou o seu suor num guardanapo de papel. Eu não perdi tempo, fui logo sacaneando com ele e disse: “É essa a lição, pegou a mais feia?”, e soltei um sorriso debochado. Ele olhou para mim, saiu e começou a convidar uma a uma das mulheres que estavam na mesa.
Poucas músicas depois veio ele com a mais linda das que estavam à mesa, dançando e a jovem morrendo de rir, e mais, “tome” cheiro no cangote do velho meu sogro.
Cocei os olhos como quem não acreditava no que via. Ele voltou para nossa mesa e explicou: “Você convida a mais feia; as lindas ficam se perguntando, por que não eu?”.
Saiu novamente, foi direto a mesma mesa das mulheres que antes dançou, dessa vez chamou a mais bonita. Encerrada a música, lá veio o gaiato do meu sogro e disse, nos apresentando, aquela mulher: “Recém chegados do Rio de janeiro, esses são respectivamente, o coreografo e a produtora da nova novela das oito da Rede Globo”. A mulher só faltou perguntar se havia alguma “vaguinha” para ela no elenco.
Eu disse sorrindo para ele "Pô, mentindo assim até eu, véio...".