Relembrando o bairro de Vila Carioca-Ipiranga-SP
Benedicto Osório de Oliveira (17-08-1916+12-08-1968)
Meu velho pai era marcineiro
E pra não ficar atoa na vida
Inventava qualquer coisa no fundo do terreiro
Afinal lidar com madeira era sua lida.
Tinhamos um espaço no quintal
E montou uma pequena oficina
Mas dia 12 de agosto de 1968 foi fatal
Viajar antes do combinado foi a sua cina.
Fabricava monjolinhos de madeira
Nós filhos são sabíamos o que era aquilo
Enfim se tornou objeto de brincadeira
Vila Carioca foi um lugar tranquilo.
O pião que ele fazia era bem pesado
O que nosso amiguinho comprava
Na lojinha da Vila Carioca já vinha trincado
Bastava eu acerta-lo no meio ele rachava.
Carrocinha de madeira
Veículo de transporte caseiro
Íamos buscar pó-de-serra na ladeira
Rua Alvaro do Vale virava um braseiro.
Nosso fogão de lenha esquentava
Três bocas quentes com fogo
Um café no bule nunca faltava
Era de ferro-agate que veio do bairro Botafogo.
Chuveiro de banho com serpentina
Agua quente sem gastar energia elétrica
Nosso papagaio cantalorava musica da Argentina
O bicho falava portunhol que coisa patética.
Rua Albino de Moraes
Era pura lama preta
Caminhões de gaz
Quase fiquei maneta.
Jogar peladas nos terrenos baldios
Erravamos o chute na bola de capotão
Acertavamos o pé na sapaiada em cios
No Bandeirantes F. C. tinha bailão.
Tinha o bar do Sr. Romanholi famoso “Barriguinha”
Bar do Sr. Quincas primeira Televisão no bairro
Lugar da mulecada fazer uma farrinha
Zé Mata-burro gostava de tirar um sarro.
Foi meu pai que construiu na Vila Carioca
O primeiro sobradinho de madeira
Não confundir “Oca” com mandióca
Do alto o mano “Tupã” arremessou sua mamadeira.