A vela do Ditinho

A vela do Ditinho

Dia de Nossa Senhora do Bom Sucesso... Quermesse, pipoca, palhaço, fogueira, bagunça, arruaça... Tá pro Ditinho, certinho...

Que coisa linda, cada ano que passa a cidade se enfeita mais para homenagear a Santa.

Ditinho falava sozinho...

“Amanhã é dia de procissão, vou acordar bem cedinho pra ver os preparativos... Mamãe vai levar três bolos de fubá e um pote bem grande de furrundum, ai que delicia”.

O galo cantou e Ditinho já se preparava para ir a procissão tão esperada...

“Mãe, manheeeeee, já to pronto”.

“Oh! moleque apressado, calma menino, ainda é cedo”.

“Não mãe, o Toinho já foi”.

“Só vamos sair depois do café...”.

Café tomado, menino cheiroso, mamãe arrumada...

“Ditinho não esquece as velas”. Alerta Valica.

A mãe fez o bolo, o doce, as prendas... a única missão do Ditinho é tão somente pegar as velas... Tudo pronto, todo povo da cidade caminhava em direção a igreja matriz de onde iria sair a marcha solene.

No meio do caminho Ditinho encontrou um amiguinho e se juntou a ele, porém, logo percebeu algo errado, Vasquinho estava orgulhosamente segurando uma vela...

“Ai meu São Benedito... minha mãe vai me dá uma coça, esqueci as velas”.

“E Ditinho, bem que a professora diz que você só tem cabeça pra enfeita”.

“Cala boca lazarento, num vê que eu estou danado”.

“E agora o que você vai fazer...”.

“Sei não, mais vou dar um jeito”.

Ditinho diminuiu a velocidade e disfarçadamente dobrou a direta... andou duas quadras e chegou ao cemitério... Cemitério!!! Foi lá mesmo que o danadinho pego duas velas que estavam acesas na capelinha de um dos túmulos. Saiu correndo para chegar a tempo de sua mãe não perceber sua ausência. Bem na hora, sua mãe já estava perguntando dele...

“Menino onde você se meteu...”.

“Eu tava com o Vasquinho”.

“Vem cá e me da essa vela”

“Tó mãe”

“Ditinho, você acendeu essa vela moleque”.

“Não mãe foi o Vasquinho que quis testa pra vê ela num apagava fácil”.

Quando Vasquinho ia falar alguma coisa... Ditinho olhou pra ele tão mal encarado, que Vasquinho sussurrou...

“He...he...he...”.

Acenderam as velas e seguiram a procissão. Que beleza aquelas velas todas acesas, as ruas enfeitadas, flores, bandeirolas, vivas, foguetes... Ditinho estava maravilhado... A procissão acabou, começou a quermesse, e logo mais a festa terminou.

Ditinho foi para seu quarto encostou a porta, colocou a vela em cima do criado-mudo, trocou de roupa e foi se deitar. Para sua surpresa o toco de vela que até então estava apagada, voltou a seu tamanho normal e acendeu sozinha... O moleque era só pavor... Cobriu a cabeça com o travesseiro e mesmo apavorado, muito cansado adormeceu.

Pela manhã, quando acordou foi tirando o travesseiro da cabeça bem devagarzinho, que surpresa nada de vela, nada de fogo... Levantou-se e quando olhou para cima do móvel percebeu que no lugar onde ele havia colocado a vela, tinha um osso, era a vela que havia se transformado avistou... Que surpresa, o osso se transformou num osso de canela humana...

“Ploqueti”

O moleque desmaiou... e acordou com a mãe falando...

“Ditinho larga de se dorminhoco, estamos atrasados pra procissão...”.

“Mãe, mãe, vai pegando as velas que eu vou me trocar!”.

Aprenda está lição “HEHEHEHE”

Pegue do difunto u qui quizé, mais num mexa na vela dele...

Coisas de “assumbração...”.

Marcos Pestana
Enviado por Marcos Pestana em 26/07/2011
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