Etá cafezinhu bão
Já era de manhãnzinha e o Ditinho comentava...
"Que tristeza... Seu Quinquim filho da fêssora morreu... eu vi dizê que foi desgosto, dona Valica, filha do dotô Zé Pinto, trocou ele pelo Minézin".
Naquela época, era costume lavar o defunto com água limpa que era trazida do Paraíba na própria igreja, os amigos sensíveis, entregam à sua dor. Cada um trazia a sua cumbuca com água e lavava o finado, levava a água que escorria da rede numa outra vasilha. À noite o defunto era colocado em uma urna e velado.
Na verdade Quimquim tinha morrido de Tuberculose. De onde Ditinho tirou essa história ninguém sabe, mas que ele comentava com seus amiguinhos que estavam na porta da capelinha aguardando os pais que velavam o pobre falecido, comentava!
Não demorou muito para aquele clima de tristeza da garotada começar a se transformar em brincadeiras de crianças. Lazinho trouxe um saquinho cheio bolinhas de gude. Izidoro cavou uns buraquinhos no chão, pediu duas bolinhas emprestadas e começou a jogar. Ditinho não deixou por menos, foi logo pedindo, pegou suas bolinhas mais uns três meninos também, e começou a diversão.
Franzino, Ditinho jogava como se fosse um gigante, quando não acertava no buraco, estourava uma bolinha e ganhava mais três.
Aquela mãe do Quinquim era um caco só, inconformada passou a noite ali orando. "Que fazer, Deus levou meu filho tão cedo".
A garotada avessa à situação jogava como se nada tivesse acontecido. Eis que surge a mãe de Ditinho, dona Durvalina...
"Ditinho pega aqui a chaleira e busca água na Dona Ana pra mãe fazer um café".
"Ahhhh, manheeeeee, bem eu, agora que eu tava ganhando...".
"Vai Ditinho e não reclama".
Ao dar a volta por traz da capelinha, Ditinho danado e preguiçoso se deparou com um monte de vasilhas com água... Ai Jesus!!
Ditinho então pegou a chaleira mergulhou na cumbuca, encheu de água e saiu correndo...
"Mãe...mãe... mãe. Taqui a água".
"Tua mãe saiu Ditin... Esse menino é de ouro" Disse dona Rosalína.
Marianinha comentou com o Padre... "Ah seu meu filho fosse assim".
Ditinho ergueu o nariz e suspirou com ar de satisfação...
Logo o café estava pronto todos com uma xicrinha na mão comentavam...
"Eta cafezinho bão... uma diiiilicia".
Dona Durvalina voltou chamou o filho e comentou...
"Ditinho onde você pegou água?... Dona Ana nem te viu!".
"Foi numas cumbucas cheia d'água qui tinha ai fora"
O padre não se agüentou...
"Ai meu São Benedito, ilumine esse menino, as cumbucas de lavar o defunto!!!".
Os paroquianos se olharam interrogados...
E o Ditinho sai pulando...