Chuva

Eu cá matutano!

E agora Zé?

Só veve quem tem fé.

Apego com Jesus de Nazaré

Cá nesse cantão de mundo

Sem muié

Só um cão.

perdiguero

Bom de caça

Ligero

De raça

Assim o caboco

Solitário, moco

No sertão de sol a sol

Ardente de trancar denti

Astro rei eminenti

E o povo na solina pinitenti

Enquanto a chuva não cai

O matuto labutando vai

Um cigarro de palha a pitar

Disatinado

Como sinal, punho no queixo cerrado

Seu palco um pilão

Insetos e aves noturnas, orquestra

Lua holofote e vaga-lumes, iluminação.

Em vagos intervalos de clarão

Clarões de repentes, versos.

De repente

No repente

Em súplica

Cai a chuva

Como luva

Pro matuto de mãos calejadas

Pronta a lida

Entoado no verso

CHUVA.

Luiz Brandão
Enviado por Luiz Brandão em 13/07/2011
Reeditado em 15/07/2011
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