Enforcado! Uma história verdadeira...

1821, a gente da Vilinha de São Paulo de Piratininga se revoltou com uma execução. Um batalhão de Santos se amotinou e com razão, não recebiam pagamento a algum tempo, apenas cinco anos! Porém para tentar acertar a situação foram ao extremo, usaram um método meio truculento. Roubaram armas, prenderam oficiais de alfândega e endinheirados da Vila de Santos, e, exigiu dinheiro. Mas a coisa complicou, o exercito dominou os amotinados, e separou sete militares... Os sete mais brutos, e esses formam condenados a morte, cinco foram executados em Santos mesmo, em um navio da marinha e os dois restantes por serem nascidos na cidade São Paulo, sendo um deles o líder da revolta e considerado perigosíssimo, cabo Francisco José das Chagas, vulgo Chaguinhas; e Joaquim José Contintiba subiram a serra afim de serem mortos na forca. O palco da mórbida execução foi armado no Largo da Forca, atualmente, ironicamente algum engraçadinho colocou o nome de “Largo da Liberdade”. E pasmem... Os mortos executados ali sem família, eram jogados ali mesmo em um buraco aberto previamente.

Sem perdão, no dia 20 de setembro, o palco macabro estava montado para eliminação. O primeiro a ser assassinado foi o soldado Contintiba. Quando chegou a vez do Chaguinhas, surpreendentemente a corda, couro ou se lá o que usaram... Arrebentou e o pobre coitado caiu desventuradamente... Despencou, contudo aliviado e quem sabe, até feliz, pois o povo gritava... “Liberdade!”.

Era costume atenuar a pena, e, dependendo do caso até suspender e perdoar o condenado. Acreditava-se que era a vontade Divina.

Apesar disso o Divino Presidente da Província ao ser consultado, irredutível ordenou que se executasse até a morte. E assim se fez. Arrumaram um artefato novo, dizem um pedaço de couro trazido às pressas do açougue mais próximo, outros dizem que havia sido um tropeiro de passagem quem cedeu a arma do crime. Sendo do açougue ou do tropeiro... O artefato não resistiu e arrebentou... A patuléia delirou... “Deus é maior” “Milagre... Milagre!”.

É, mas o Divino terrestre indecomponível... Repetiu... “Até a Morte!!!”.

Uns dizem na terceira ele morreu, outros dizem quarta, com um pedaço de couro reforçado o Chaguinhas sucumbiu! Porém, o padre Diogo Feijó, testemunha ocular da cena, diz que o pobre coitado caiu ainda vivo, e foi morto a baioneta ali no chão mesmo. A também quem afirme que tudo isso fora farsa arquitetada por Martin Francisco de Andrada, astuto, defendendo a causa de Chaguinhas forneceu cordas preparadas para partir. A crença popular pediria o perdão e se não desse certo, outro criminoso seria colocado em seu lugar, e com o anoitecer os paulistanos que denotam falta de inteligência, de discernimento; estúpidos e imbecilizados otários não perceberiam a troca e a execução seria consumada, o revoltoso salvo fugiria para Cuiabá, e nunca mais seria visto e jamais mandaria um postal para mamãe.

Vivo para uns, morto para o povo. A injustiça, associada ao milagre, gerou uma devoção imediata naquele local. O povo sempre carente de um verdadeiro herói. Para ele acenderam velas e uma cruzinha foi erguida. Dizem que nem vento, nem ventania, nem chuva, nem temporal... Nada era capaz de apagar as velas! Velas... Cruzinha... Capelinha... Daí em 1887 erigiu-se uma Capela. Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados; ou Igreja das Almas.

Marcos Pestana
Enviado por Marcos Pestana em 29/06/2011
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