Circular
Moro em uma pequena e pacata cidade no interior do Vale do Paraiba.
Onde ainda é possível ver crianças brincando na rua, pessoas conversando na calçada de suas residências, charretes e cavaleiros circulando pela cidade e um ônibus ( circular ) que levam pessoas de um bairro ao outro percorrendo toda a cidade.
Um dia destes a minha irmã que é professora em uma escola municipal,como de costume aguardava o ônibus no ponto com destino a residência dela, assim que avistou o ônibus, fez o sinal com as mãos, o motorista um conhecido da nossa família parou, e assim que ela adentrou e assentou o ônibus seguiu o itinerário.
Deslocou alguns quilômetros e ao passar por um laboratório de analises clinica com o ônibus lotado de passageiros, o motorista brecou, deixou o motor ligado, puxou o freio de mão e virou para os passageiros e disse: - Atenção, vou dar apenas um pulinho ali no laboratório onde a minha filha está me aguardando, ela vai coletar o meu sangue, e já volto.
Enquanto algumas pessoas que conversavam no momento em que o motorista deu o aviso não ouviram naturalmente, ficaram assustadas ao ver o motorista adentrando no laboratório e indagaram: - O que houve com o motorista?- Uma mulher de meia idade que estava assentada na primeira poltrona respondeu: - O motorista foi tirar sangue e já volta.
Enquanto as pessoas por incrível que pareça aguardavam pacientemente, lá surgiu ele, contente, contente, com um esparadrapo colado no braço, adentrou ao ônibus e acenou para a sua filha que o acompanhou até a porta, sorrindo, sorrindo.
Quando chegou próximo a uma padaria, a dona Mariazinha que já havia acionado a campainha, desceu os degraus da escada dizendo:-É só um minutinho. Atravessou a rua depressa, adentrou a padaria e de lá saiu com um embrulho de pães, e uma sacola contendo uma caixa com leite, retornou ao ônibus e agradeceu o motorista pela cordialidade, que prontamente perguntou:- Os pães estão bem fresquinhos?