O Boi da Fazenda Pedra Branca
Naquele ano o inverno fora tão fraco no município de Areal – PB., que a maioria das “casas de farinha” da região já estavam fechadas por falta de matéria prima. O desemprego era geral, a maioria dos rapazes do lugar já haviam viajado párea o Rio e São Paulo, a procura de emprego. Só Antonino continuava na cidade a espera de um milagre. Quando falo de milagre era milagre mesmo, , pois emprego por ali nem pensar.
Antonino era um rapaz de uns vinte e cinco anos, magro, baixinho e pálido. Tão pálido que a turma da cidade lhe chamava de “Amarelinho”.
Certo dia, Antonino estava no posto de gasolina da cidade, quando se aproxima de uma das bombas um caminhão “boiadeiro” para abastecer.. Para surpresa do Antonino, o motorista daquele caminhão era seu conhecido desde os tempos de criança. Antonino viu no amigo que acabara de chegar, sua tábua de salvação, ou melhor, o milagre que tanto esperava, se aproxima do caminhão com um sorriso que ia de orelha a orelha, e. . .
- Oi Basto tudo bem ?
- Antonino meu camarada, há quanto tempo que não lhe via !
- Basto, prá onde tu vai home ?
- Eu to indo para o Mato Grosso do Sul !
- Tu me dá uma carona até lá, para vê se eu arranjo um emprego ?
- Oxente homé, e é preciso pedir! Pega os seus troços que nói viaja já !
Antonino não cabia em se de tanta felicidade, foi em casa apanhou os troços, se despediu da família e viajou com Basto em direção ao Mato Grosso do Sul.
Depois de cinco dias de viagem, finalmente chegam a uma grande fazenda do Mato Grosso do Sul, quase fronteira com o Paraguai. O caminhão fora até aquele fim de mundo apanhar uma boiada que seria levada para Salvador.
Antonino não perde tempo, vai até a casa grande da fazenda, procura o fazendeiro, e. . .
- “Seu” Coroné o senhor tem um serviçinho para me arranjá ? Eu
faço qualquer coisa !
O fazendeiro antes de dar uma resposta ao Antonino, lhe olhou de cima a baixo, ele achou a rapaz franzino demais para os serviços da fazenda, mas, para não lhe dar um não, teve uma idéia, e. . .
- Olha menino, por enquanto não há vagas na fazenda, mas, temos por aqui um boi brabo, que, se por acaso você conseguir pega-lo, como prêmio, você será o vaqueiro da fazenda ! Agora lhe digo uma coisa, até hoje, ninguém conseguiu pegar este animal. Já esteve aqui vaqueiros de todas as regiões do Brasil, e nada !
- Eu aceito a empeleita, “seu” Coroné !
No dia seguinte Antonino procurou o administrador da fazenda, os dois foram até um currar onde havia dezenas de cavalos. O administrador mandou pegar um garanhão preto. Aquele animal seria a montaria de Antonino para pegar o famoso e temido boi da Fazenda Pedra Brancas.
Antonino havia dado sorte, antes de uma hora de buscas, encontra o animal escondido por trás de uma moita. O boi vendo o suposto vaqueiro se aproximando, deixa o seu esconderijo e foge pantanal afora. Antonino catuca as esporas do “vazio” do animal. O garanhão dá um pulo para a frente e parte como uma flecha atrás do boi fujão. O boi sentindo a aproximação do cavalo, aumentou a velocidade, de um trote rápido, agora galopava, corria em linha reta levando de eito tudo que encontrava pela frente. Naquela corrida maluca subiam e desciam elevações. Em dado momento o boi ao passar por cima de um lajedo, prende uma das patas na ranhura da pedra, perde o eq1uilibrio dando uma cambalhota no ar, girando sobre o próprio corpo. Na velocidade em que o cavalo vinha, atropela o boi ainda no ar e, cavalo, cavaleiro e boi, rebolam no chão debaixo de uma nuvem de poeira. Quando Antonino se recupera da queda, sem querer, estaca agarrado ao pescoço do boi; tomou um susto tão grande, que, como um maluco apertava ainda mais o pescoço do animal como que quisesse esgana-lo.
Com a queda o boi havia quebrado o pescoço, mas, Antonino não sabia e cada vez mais apertava o pescoço do animal.
Naquele instante passava pela redondeza uns vaqueiros da fazenda. Quando viram aquele desmantelo, se aproximaram para socorrer o companheiro, para surpresa de todos, viram Antonino ainda agarrado ao pescoço do boi, terror daquela região.
Antonino foi socorrido e levado em triunfo até a sede da fazenda.
O fazendeiro não acreditava no que estava vendo. Se aproxima do grupo para ver e parabenizar o grande herói, e. . .
- Amarelinho, me disseram que você pegou o boi ?
- Peguei, NE, “seu” Coroné !
- OXENTE HOMEM ! Você ta todo cagado e mijado !
Antonino vendo que se desse “bobeira” iria perder o tão sonhado emprego, antes de dar uma resposta ao fazendeiro, pensou um pouco, e. . .
- Sabe “seu” Coroné, porque seus vaqueiro nunca pegararo esse
boi ?
- Porque ?
- Porque seus vaqueiro quando corria atraí do boi, parava para
cagar e mijar! Ai o boi aproveitava a dianteira e fugia ! ! !