VALENTÕES
Nos anos 40 era a época dos famosos valentões, principalmente no interior dos Estados do nosso Brasil. Minas Gerais não fugia à regra: Joaquim Cândido, em Imbé; Capitão Messias, no Contestado; Badu, no Vale do Rio Doce. Esses fizeram história. Em cada cantinho de Minas havia alguns valentões. Eram temidos, pois atiravam nas pessoas para ver o tombo. Fechavam comércio, faziam pessoas beber cachaça com pó de fumo. Às vezes eram contratados por latifundiários, para assassinar posseiros, receber dívidas e praticar outras atrocidades.
Numa pequena Vila na região da zona da Mata, numa tarde, apareceu um cara mal-encarado e hospedou-se na pequena pensão. Tinha todas as características de um pistoleiro cruel. Levaram seu cavalo para uma pastagem próxima da Vila. Os moradores não dormiram direito, apreensivos com o tal mal-encarado homem, mas tudo transcorreu dentro da normalidade. O drama foi ao amanhecer. O cavalo do dito cujo sumiu. Foi aí que o forasteiro irritou-se: “Se meu cavalo não for encontrado, vai acontecer uma desgraça igual a que aconteceu em Santa Maria do Baixio!”. Os moradores, apavorados, mobilizaram-se à procura do equino. Até que enfim o encontraram. Alívio geral.
Quando o mal-encarado forasteiro se preparava para ir embora, um morador, fulo da vida, encheu-se de coragem e, mostrando descomunal valentia, perguntou: “Que desgraça aconteceu em Santa Maria do Baixio?” O forasteiro, calmamente, respondeu: “Tive que andar doze léguas a pé!”.