Apatia.

É fase preto e branco, sem nuance de cor alguma.

É a vida passando como um filme de sessão da tarde e eu nem estou prestando atenção na televisão. Meus olhos se voltam para dentro da minha cabeça, de fora quem me vê se assusta, vê o branco sem retina, sem foco, sem castanho.. apenas o branco dos olhos que não enxergam as cores do mundo. Ao menos por agora.

Dentro da cabeça enxergo antigas lembranças, arrependimentos, desejos e amores intactos. Estou em um momento 'flashback', 'revival' ou como queira chamar. Mas apenas na minha cabeça, nada disso me é externo agora. E é como se, ao ver tudo com mais calma, eu pudesse remediar certas coisas ou resolver problemas antigos, me redimindo dos pecados cometidos. Não que eu queira perdão divino, acho que se eu me perdoar, se meu auto-flagelamento psicológico já me for suficiente para aliviar o peso da alma, então tudo certo. Deus irá me entender.

Tentei me redimir, tentei corrigir as linhas erradas que escrevi no meu livro da vida, às vezes com sucesso, outras nem tanto, mas ao menos tentei.

Tento agora fazer com que meus olhos voltem ao modo habitual, que não deixem o preto e branco de fora mas que também consigam ver além disso, ver o arco-íris de cores que o mundo expõe a céu aberto. E é processo lento, são obstáculos ramificados aqui dentro que impedem a rapidez das coisas. Mas, em vinte e dois anos de vida (não é muito, confesso), aprendi que tudo tem seu tempo, seja com passos de bebê, de atleta olímpico ou de pessoa tranquila passeando na rua. Tudo acontece na hora certa, mesmo que, a mente confusa e humana como é, não entenda isso tão cedo.

É questão de 'timing', o relógio da vida em tic tac constante na parede do quarto, seus longos ponteiros marcam acontecimentos incríveis na nossa história, e atitudes revolucionárias também. Entenda revolucionária como quiser, de grandes feitos à pequenas atitudes no dia-a-dia, mas tudo está marcado no relógio: vida, destino e morte.

Vale lembrar que o relógio é redondo, cíclico... e que círculos não tem começo e nem fim. É renascimento, reencarnação constante da alma. O que perece é a carcaça, a alma transpõe-se, transmuta, renasce leve mas com o conhecimento de dois mil anos de existência.

Lorrayne T
Enviado por Lorrayne T em 06/06/2011
Código do texto: T3016753
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