O gato Leão

Aconteceu que tínhamos um gato chamado Leão,

Era um bichano muito querido por todos nós.

O animal era carinhoso com o pessoal de casa,

E todos o agradavam dando-lhe algo para comer.

O gato dormia de dia no sofá como uma almofada,

E de noite passeava em cima das casas dos vizinhos.

Quando chegava às vezes de madrugada,

dormia em cima do guarda-roupa do meu quarto,

ou ficava encostado à porta da sala, aguardando,

esperando uma oportunidade de entrar na casa.

(às vezes quando a janela estava aberta,

simplesmente pulava-a com a maior facilidade,

e adentrava-se casa adentro e ia acima do guarda-roupa).

Muitos vizinhos não apreciavam muito a visita do gato nos seus telhados,

Pois eles ficavam gritando com gemidos agudos e estridentes.

Não gostavam dos altos “miados” e de toda a gritaria,

Porque não conseguiam dormir com aquelas arruaças próprias do animal.

Apesar de tudo, nós tínhamos paciência com o nosso gato,

E, mesmo com os seus pequenos defeitos de roubar uma carne ou algo assim,

queríamos muito bem o nosso Leão.

Até mesmo nossa mãe que nunca gostou de gatos,

Daquele ela gostava realmente.

Assim viveu o gato feliz por mais de dois anos,

Desfrutando o comer e o beber...

Aquele animalzinho era como se fosse gente de casa,

Como sendo um da nossa própria família.

Mas chegaram dias tenebrosos para o animal,

E alguns de sua espécie passaram a desaparecer.

Outros apareciam mortos com os dentes salientes nas ruas,

e as línguas para fora, envenenados, nas calçadas.

Chegou o tempo em que quase não havia mais bichanos nos telhados,

E a escassez de gatos ficou severa em toda a redondeza.

Nosso bichinho ainda continuava muito bem e muito sadio,

prosseguindo a desfrutar o seu doce lar, “vivinho da silva”.

(Talvez não o interessasse comer algo fora, pois era bem alimentado).

Certo dia, porém, quando eu estava prestes a acordar para ir trabalhar,

Ouvi uns gemidos esquisitos do gato bem abaixo do meu guarda roupa.

Como ele dormia de vez em quando acima desse móvel alto,

E ficava lá em cima com a tranqüilidade de quem menospreza o medo das alturas,

Nunca imaginei que um gato pudesse cair dali de cima,

E nunca esperei uma queda de pescoço daqueles ágeis felinos...

Porém, ali estava o gato rajado: muito assustado, gritando de dor,

Deitado com o pescoço virado, como se estivesse quebrado...

Caído de cabeça...

Estava tão ruim que parecia mal conhecer-me,

Como se tivesse perdido a visão, e estivesse apenas ouvindo sons,

E assim prosseguiu o seu sofrimento.

Chamei minha mãe, que acordara rapidinho,

Levantou-se para ver o gato morrendo.

Eram cerca de 7 horas e trinta minutos...

Saí do portão, pois tinha que ir logo ao serviço,

(O meu ônibus passava às 7h35min...)

E minha mãe gritou da casa que o gato se esticou e morreu de vez...

Enquanto eu estava ainda na calçada da casa... quase tomando a rua...

Mesmo assim fui trabalhar, pensando no gatinho falecido,

Que cuidamos desde o seu nascimento, visto que nascera em casa.

Fiquei muito triste, e cheguei a derramar lágrimas,

(acho que isto é normal e também que sou um pouco sentimental)

Aliás, isto é muito comum com todos os que têm animais domésticos...

Acabam tendo sentimentos de familiaridade com o seu animalzinho...

Tive muito pesar e saudade no caminho,

E as pessoas do meu trabalho me disseram:

“Tanta gente se matando um ao outro,

E você triste por causa de um gato...”

É uma qualidade se importar com os animais...

Eles são importantes para nós...

Nesta mesma manhã, minha mãe junto com minha irmãzinha...

Foram enterrar o gato numa barroca perto de casa...

Todos ficaram tristes,

Minha mãe e minha irmãzinha...

De repente, eram cerca de 12 horas,

Hora do almoço e do rango do bichano...

minha mãe liga para mim, no meu trabalho,

E ela me diz que o “Leão” estava lá em casa na cozinha,

Disse que levou um grande susto ao ver o bichinho...

Pois ela mesma tinha enterrado o animal...

Ficou sem entender e, assim, ligou para mim...

Eu também não estava entendendo mais nada...

Pois o gato tinha realmente morrido,

E ficou duro como uma pedra e foi enterrado...

Na realidade, o gato que morreu no meu quarto era outro...

Muitíssimo parecido com o nosso... foi apenas uma grande confusão...

Um gato rajado, do mesmo tamanho, macho também, enfim...

Este errou a casa e entrou na minha por acaso e engano,

e acabou entrando no meu quarto...

(assim como o meu fazia)... pura coincidência...

Porque estava envenenado e ficou desorientado...

Ficou sem rumo ao aproximar-se a morte para tal...

Mas, ao fazer isto, confundiu-nos completamente,

Ao errar a sua casa... ele pertencia ao vizinho do fundo, o Sr. Felipe,

E pensamos que era o nosso que tinha morrido...

Mas quando o nosso Leão apareceu não deu para entender mais nada...

Mas ficamos felizes, de qualquer maneira,

Sentimos que foi como uma ressurreição dele...

Embora realmente não tivesse morrido ainda...

(tudo isto aconteceu já faz tempo,

e muitas águas rolaram desde então)

Hoje, infelizmente, o gato está realmente morto!

Disseram tê-lo visto morto em cima do telhado

de uma vizinha muito boazinha, que nos avisou posteriormente...

pois o gato tinha simplesmente sumido...

não aparecia mais para sua alimentação rotineira...

Gostaríamos que não fosse ele, assim como da primeira vez,

No entanto, esta vez o veneno o sufocou,

E ele caiu vítima da senhora morte...

Que lhe ceifou a vida cruelmente,

E agonizou-o em aflições mortais...

Este texto foi escrito no ano de 2001.

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 03/06/2011
Código do texto: T3012514
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