'' DOMINGAS, a que queria entrar no céu....

   toda elegante vestida com uma anagua vermelha, gigante, de tafetá toda brilhante, a pele negra luzidia  resplandeceria no azul e branco das côres das nuvens e do arco-iris que enfeitam as tardes na terra.

     Domingas, a boa negra luzidia Domingas que nunca um sorriso negou na cara gorda e bonachona de criola criada na roça, na labuta do dia a dia e na formação de várias familias...

     Domingas era analfabeta mas ensinava o beabá da vida para quem quizesse aprender, negra pitadeira do cachimbinho de barro, falava pouco mas ria muito, e quando ria..ahhh quando ria, as gengivas vermelhas apareciam e dentes mais brancos que a mais branca das pérolas '' luzian'',,,e sabia cada '' causo'', uns de arrepiar outros de gargalhar...so' não sabia era ''fofocar , difamar, caluniar''

      ''Isto não , dizia ela, Nosso Senhor Jesus Cristo não gosta disto não , e pra que isto fazer?, leva a nada..ora!!!

      Domingas era asseada, limpa, organizada, suas roupas cheiravam gostoso o perfume da alfazema do campo, era vaidosa, cuidava do cabelo,...ahhh!!! os cabelos da negra Domingas, quanto trabalho davam!!!...ate' os quinze anos eram todos ''pichaim'', pimenta do reino em grão, ela tentava, estivaca, eles voltavam e depois dos quinze aprendeu, colocava dois pedaços de ferro no fogão de lenha para esquentar e quase brasa virar, passava banha, de porco, de vaca, de galinha e os cabelos esticavam, ficava um ''fedô'' de cabelos queimados, chamuscados ,que era um horror e depois ela lavava com a seiva da jurema e da alfazema, ficavam lisos e sedosos, por uns tempos, e logo logo ja' davam sinal de vida anterior,  novamente querendo todos de novo se ''enrrolar''...e na raiz ficar, virar de novo ''pichaim'', mas ela cuidava, não deixava, a vaidade, dela, falava mais alto...

       Domingas nasceu, cresceu na fazenda, nunca saiu de la' para nada, foi colocada na escola, mas a ''cachola'' dela não ajudava, nada aprendeu, assinava com o dedo colocado na tinta e ficou morando na colonia ate' quase os vinte , e foi so' quando nasceu a filha da nova dona que ela foi convidada para na sede morar, foi e ficou, cuidava de tudo por la' ate' no fim da vida, e tinha um sonho....

       Domingas queria para São Pedro se apresentar com um vestido bonito, todo colorido, o cabelo liso e escorrido, uns brincos brilhantes e um anel imitando diamante, que era para quando a mão dar para São Pedro a pedra '' faiscar e brilhar'' e mais que tudo de tudo a famosa '' anágua de tafetá vermelha e brilhante '' que era para quando subir as escadas do ceu, ela as pontas da frente do vestido bonito todo colorido levantar e deixar a anagua vermelha, de tafetá, brilhante, aparecer...coisas dela, coisas da vaidade dela...

       E Adelia, aquela filha da patroa dela , que agora tambem ja' estava bem velha, fez esta ultima vontade da velha negra luzidia, a Domingas, a que tinha a côr de ébano, a que foi enterrada com sua anagua de tafetá vermelha brilhante
 
       E contam,  e tambem cantam em prosa e verso,  os anjos que por la' a receberam ,que ela fêz o maior sucesso, lançou moda, virou coqueluche, ficou famosa...

        Eta Domingas negra vaidosa lisa e luzidia e sua famosa anágua..eta ela!!! que consegui usar na partida o que queria...

        Usou e com ela levou, o seu sonho, o sonho dela, e era de  tafetá a anágua  que ela usava, a linda anágua que tinha a côr vermelho sangue da côr do rubi,.......brilhante!!!!

                     //////////////////////////////////////////////////////////////////////
       


AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 30/05/2011
Reeditado em 30/05/2011
Código do texto: T3002834
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.