GEMIDOS NO CEMITÉRIO

Há tempos ocorreu o falecimento de um fazendeiro natural e residente no município de Bom Despacho. Homem muito conhecido que gozava certa popularidade. Protagonista de numerosa família espalhada pelo Brasil afora.

Filhos, netos, bisnetos, irmãos, sobrinhos, demais familiares e numerosos amigos se reuniram para o velório e sepultamento. Em fim uma multidão compareceu para lhe dar o ultimo adeus. Como na época ainda não havia o sistema de telefonia com a atual eficiência; ocorreu certa demora na localização de seus parentes mais próximos, cuja presença era indispensável, residentes em outras localidades inclusive em outros estados. Fator que provocou um enorme atraso para o sepultamento. Havia uma tradição de não sepultar à noite. Como alguns parentes não chegavam e o prazo para o sepultamento estava se esgotando com o cair da tarde, decidiram que iriam esperar uma das filhas que faltava no cemitério, cuja viagem estava bastante atrasada.

Lá chegando aguardaram até o por do sol, mas a mulher não aparece, quando ia baixar o caixão no sepulcro chegou um mensageiro avisando que a filha avisou através de radio amador que chegaria dentro de uma hora. Decidiram esperar para que ela pudesse despedir do pai.

Dizem que o azar sempre anda acompanhado pela falta de sorte ou uma falha qualquer. Foi o que realmente ocorreu, houve uma queda de energia elétrica. A noite chegou rapidamente ficando o cemitério às escuras, a multidão aos poucos foi retomando às suas casas, ficando praticamente os familiares, que alias, eram muitos, espalhados aqui e ali entre os túmulos em profundo silencio. Dando ao local uma aparência inóspita. Providenciaram algumas velas e acenderam sobre as lápides. Com a oscilação provocada pela brisa que soprava leve sobre a luz das velas, tinha-se a impressão que as silhuetas disformes dos túmulos caminhavam cambaleantes trombando umas nas outras projetando formas negras que se gesticulavam. Com isso o cenário ficou bastante assustador.

De repente ao fundo na parte mais escura ouviram-se gemidos -, Áuuuuumm, nãããõõõõum, o pessoal que estava espalhado logo se juntou, mais um gemido, e outro mais outro e a correria começou e o gemido de aiummm nãããõõõõum, vindo na direção do portão de saída, foi uma correria louca, quando estavam todos fora do cemitério deixando lá apenas o falecido, a energia chegou iluminando tudo. Sobre o muro vinham numa correria nupcial dois felinos.

Um casal de gatos namorando, correndo em cima do muro na direção da saída. O bichano tentando conquistar á gata que estava no cio, e ela se defendendo dizendo nãããõõõõõum!

Neste ínterim o pessoal que faltava estavam chegando, conseguiram em fim realizar o sepultamento.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/05/2011
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