........E OS CIRCOS SEMPRE CHEGAVAM....

               NAS CIDADES, E COM QUE ALEGRIA ERAM ESPERADOS.

       E por falar em circos, onde andam?

       '' Acabou-se o que era doce ''?

       Perguntei para as crianças e elas me responderam :-

       '' Sabe que e' seu Ze'...minha mãe falô que e' porque batiam e maltratavam os animais...

          e outra criança me dizia :-

    '' Meu pai falô que e' porque o ''paiaço'' e' ladrão de muie' ''

       E um outro garoto ja' mais ''crescidinho'' nos seus onze para doze anos:-

       '' Eu gosto mais de ficar jogando video-game...'' toim..toim...

       E eu perguntei aos adultos e ele me responderam :-

       '' Acabou-se a  ''  magia  '' que o circo trazia.

       Socorro, gritei eu então, me acuda Maria Papuda, que era como se dizia ainda no meu tempo, em que existia a tal da ''magia'' e nem se sabia quem era esta tal de Maria que tinha papo e eu tinha medo dela mesmo sem saber quem ela era , e muito menos conhecer...tinha medo e pronto, isto tambem fazia parte da ''magia'' da vida...e tudo isto se acabou.

        Sinal dos tempos, sinal dos tempos...o tempo faz tudo passar, e o vento que o tempo tras consigo no seu bojo e' forte e tudo destroi...e este vento levou embora o circo, que pena!!!

        Cada geração que passa vê o vento levando embora coisas que para elas são '' caras, queridas ''...me lembro de meus avós, meus pais e seus amigos se lamentando quando tiraram os '' bondes '' de circulação...me lembro do ultimo dia que os bondes ''correram'' pelos trilhos das ruas das cidades...neste dia não se pagariam as ''passagens'', seriam grátis neste último dia para toda a população, e esta mesma população lotavam os bondes em suas últimas viagens pela cidade...

         E eu me lembro de meu pai de terno e gravata, minha mãe de bolsa e luva social e eu todo '' lampeiro'' indo para o teatro, cinema, lanchonetes no centro da cidade, indo fazer compras em lojas chics, na Sears por exemplo, a primeira a ter escadas rolantes, nas Casas Regentes onde o sorvete de massa era feito na hora e de graça servido para os clientes, e iamos de bonde, era moda, era gostoso, todos andavam, existiam os onibus mas viviam lotados, pessoas em pe', exprimidas feito sardinhas em lata, o bonde não, o bonde era diferente

          Senhoras, mulheres, meninas todas sentadas, ou se fosse em pe' no meio dos bancos junto com as outras mulheres, os homens se não tivessem lugares iam nos ''estribos'' ou na ''cozinha'', mesmo de terno e gravata se penduravam e iam tomando sol na cara, porisso usavam chapéus, e apenas se chuva caia se permitia que no meio dos bancos se enfiassem, os bondes em minha cidade eram abertos , como aberto eram os corações , apesar que a mentalidade era um tanto quanto fechada,''coisas'' existiam mas se fazia de conta que não se via, coisas daquelas épocas passadas e como ainda e' um pouco hoje em dia

           O fim do bonde na minha cidade representou o fim da era ''romantica'', foi quase no fim dos anos sessenta, e aquelas gerações que estavam a isto assistindo se condoeram, se entristeceram, e bastante, bastante mesmo e todos viram logo em seguida a ''geração setenta'' chegando, golpes militares adentrando nossas casas e por mais de vinte anos instalado e ''intalado'' nas gargantas e não teve jeito se não engulir e quietos ficaram..alguns gritaram, seus gritos ecoaram e deu no que deu..araguaias da vida, repressão, revolução...fim de uma era começo de outra...

           E o circo se foi, deixou saudades na minha geração, outras coisas tambem se foram, deixaram tambem saudades mas isto do viver faz parte, e eu pergunto:-

           Sempre foi e sempre sera' infalível para todas as gerações que algo se quebre no meio do caminho e qual sera' a coisa que se quebrara para esta geração que agora, neste momento esta' na ativa? no comando?..o tempo sempre foi rapido, mas parecia, parecia, que antes o tempo passava mais devagar, agora o tempo voa, corre, se atropela e sera' disto que terão saudades? de ver o tempo voando e sem tempo para nada?...talvez!! 

            E sera' engraçado para quem viver e ver...velhinhos e velhinhas correndo nos parques, tentanto fugirem de atentados terroristas, fugirem de golpes militares, de guerras sangrentas, por não terem o que fazer e correr para matar o tempo, tempo que ja' estava morto muito antes..

             Eles, a geração do tempo sem tempo e' que viviam aqueles tempos e não sabiam...nada disto sabia, apenas viviam..

             Eu tenho muitas saudades...uma delas, ir ao circo comer pipoca, algodão doce se lambuzando todo e não tendo onde se lavar e ficando todo melecado e levando bronca para na roupa nova e limpa a mão não esfregar...mas esfregava, puxão de orelha levava, mas quem se importava?...o espetáculo valia isto tudo e a festa maior era esperar o dia, a ida pelo caminho, assistir, voltar e ter o que contar...saudades!!!

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WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 27/05/2011
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