ACONTECEU NUMA NOITE NEVOENTA.
E no dobrar de uma esquina qualquer, o longo apito de um guarda noturno me faz sobressaltar, mas eu não o vejo nem ele a mim, pois no silêncio completo, nem meus passos fazem ruido. Cai novamente o silêncio, mas por alguns segundos, o som ecoa nos meus ouvidos, parecendo uma sirene de alerta sobre alguma coisa... Caminho... Mais adiante, o ladrar de um cão, uma casa com suas janelas iluminadas, que, de repente, me fazem imaginar um farol, em meio à escuridão, com suas luzes guiando os navegantes num mar proceloso... Vozes... Risos altos... Acho estranho e furtivamente, me aproximo, curiosa. Em meio à bruma dessa madrugada fria, alguns jovens, garotos e garotas, sentados na sarjeta, parecem nem se dar conta do adiantado da hora e nem da minha presença. Metidos em suas calças jeans surradas e agasalhos, tendo como claridade apenas o brilho esmaecido da luz do poste, bebem coca cola e comem pizza, que sei, está fria, mas isso não parece incomodá - los nem um pouco. Falam e riem o tempo todo, nada de importante, banalidades engraçadas que também me levam a esboçar um sorriso nos lábios até há pouco, contraídos pelas amargas lembranças que me dominavam... Uma das jovens dá - se conta da minha presença e se assusta, chamando a atenção dos demais, que de imediato, voltam - se para mim e perguntam quem sou, quase em uníssono. Digo - lhes, com um sorriso, que não se preocupem, que não sou um fantasma, apenas uma mulher insone, em busca de Morfeu. Sentindo minha voz meio tensa, a garota que primeiro me notou me convida, sem cerimônias, a sentar na sarjeta, junto a eles. E sem cerimônias, sento - me junto à ela, sem preocupar - me com o fato de estar vestindo uma calça branca, de lã, que sei, ficará marcada. Um dos rapazes me pergunta se aceito um pedaço de pizza, enquanto me estende o próprio copo com coca cola, como a coisa mais natural do mundo, dizendo a seguir que posso usá - lo, que irá buscar outro, para ele. Nessas alturas, eu deveria estar me sentindo como um corpo estranho, entre aquelas figuras, no entanto, apanho o copo de suas mãos e aceito o pedaço de pizza fria, e por Deus, nunca imaginei que um pedaço de pizza fria e um copo de coca cola numa madrugada que parecia de mau agouro, pudessem ser tão saborosos!!! Perceberam e, assim que terminei de comer, me ofereceram outro, dizendo que podia comer à vontade, estavam esperando aquela acabar para buscarem uma outra, quentinha, que estava assando, mas que se eu quisesse, poderia esperar. Sentí - me meio embaraçada, mas respondi que esperaria. Sem que eu percebesse, surgira um violão e me surpreendi com a música que começou a soar, tanto dele, como na voz de um dos rapazes, por sinal, uma linda voz, bem modulada e com uma harmonia perfeita, suave, mas o que mais me impressionou foi o fato de ser a "minha" música... A "nossa"... Um silêncio gostoso e aconchegante pairou, sobre nós, enquanto ele cantava, dedilhando o violão como se estivesse sozinho, ali, em meio à madrugada que avançava a passos lentos, agora... Sem perceber eu havia parado de respirar, extasiada, as lembranças, a saudade assomando e fazendo ressumar lágrimas... "Moça..."... O som da voz da garota ao meu lado me fez "voltar" ao presente, abrir os olhos, que fechara sem me dar conta que o fizera... A música terminara e eles me observavam... Nenhum deles teria mais que vinte anos... Um deles perguntou meu nome e lhe respondi, ao que ele comentou que Nina era um nome bonito, tinha uma sonoridade gostosa... E que tinha uma cachorrinha a quem chamavam assim. Não resisti e caí na gargalhada, logo acompanhada por todos. Naquele instante, todos os resquícios de constrangimento desapareceram; eu era mais um, deles. Vieram as perguntas sobre mim, as respostas das que eu fazia para eles e logo, sabíamos o bastante, uns dos outros, para sermos amigos. Vieram as confidências, as manifestações de apoio e compreensão de ambas as partes e enquanto isso, degustamos a deliciosa pizza quentinha, com coca cola. Perguntei - lhes se não havia problema que ficassem ali, na rua, até aquela hora, rindo, cantando... Se os vizinhos não se importavam... Sorriram e me perguntaram se eu conhecia, ali. Eu não conhecia e me disseram que por ali não havia vizinhos por perto. Eloísa, que estava ao meu lado, pareceu surpresa e me perguntou onde eu morava, e quando respondi, apenas comentou que eu havia caminhado um bocado! Falei que estava acostumada a caminhar e nem me dera conta. Rindo e brincando, contando piadas, me surpreendi quando, ao levantar a cabeça, vi que uma estrela imensa olhava para mim, que a névoa havia desaparecido. Respirei fundo, olhando para os rostinhos jovens que me fitavam, parecendo divertidos e sorri. Não era preciso falar nada. Eram todos estudantes, todos trabalhavam e não dependiam dos pais para pagarem seus estudos. Nenhum deles levava uma vida folgada, mas também não passavam por apertos, pois trabalhavam e se precisavam de algo mais, os pais os ajudavam, nas emergências. Pareciam, todos, viver em lares harmoniosos, onde reinava a Paz e o amor. Pareciam. No decorrer da conversa, soube que um dos rapazes, Rogério, vivera num orfanato até os cinco anos de idade, quando foi adotado por um casal que, com o tempo, revelou que o que menos precisava e sabia fazer, na vida, era cuidar de um filho; por qualquer coisa sem importância, o espancavam até machucá - lo! Fugiu de casa aos doze anos e perambulou de cidade em cidade, até que, ao completar dezoito anos, alistou - se no exército, e ali, apesar do trabalho pesado, foi que começou a sentir - se gente, de verdade; fizera amizade com um dos rapazes que ali estavam; tornaram - se grandes amigos e foi esse amigo que o acolheu em sua casa, após saírem do quartel e, com a ajuda de outros amigos, arrumou - lhe um emprego. Por ser um rapaz honesto e trabalhador, logo foi promovido e agora, já fazia faculdade e morava num quarto alugado, sozinho. Era o mais velho, deles, com vinte e três anos. Mais uma vez, minha tese de que as pessoas só são produto do meio se quiserem, estava sendo provada. Muitas risadas e músicas depois, a madrugada me surprendende com uma claridade rosada, em nada lembrando a noite triste, sem perspectivas que não de horas insones e pensamentos e lembranças sombrios. Levantei - me para ir embora... Sentí - me mal por estar usando uma calça branca de lã e uma blusa de seda pura, azul turquesa, junto àquelas criaturinhas tão simplesmente vestidas...Apenas trocara o sapato por um confortável mocassim, mas não tivera ânimo nem para trocar - me, quando o telefonema "dele", tão frio, pusera fim aos meus sonhos para aquela noite... e quantas mais viessem, ao seu lado... Tentando ser diplomático, na forma de falar do fim, mais me magoara... eu me sentia arrasada... Antes de me despedir daquele pessoalzinho delicioso, que mudara tão radicalmente a minha noite e meu estado de espírito, perguntei - lhes o que, afinal, estavam comemorando, numa noite tão escura e nevoenta, como a que fôra, aquela. Rogério respondeu, olhando - me nos olhos: À vida, Nina, à toda sua beleza, sua generosidade, sua grandeza... As bênção que Deus nos dá de presente todos os dias e que, às vezes, ao menos percebemos, para parar um instante, e agradecer, por estarmos vivos! Quando se achar em condições, quando quiser, será muito Bem - vinda, para comemorar conosco essa dádiva, independente de como ela pareça estar, pois sempre haverá mais um dia, para que possamos buscar o que nos falta, e se formos persistentes, nada nos impedirá de encontrar... Acredite, a felicidade está onde menos se imagina: Dentro do nosso próprio coração, e não distante de nós, em posse de alguém que só nos fará algum bem, se quiser. Ser feliz depende apenas de nós, e seremos felizes sempre, basta apenas querer! Ouvindo aquele garoto que já sofrera tanto, na vida, falar com tanta simplicidade e gratidão, sobre a vida, não pude conter as lágrimas nem o impulso de abraçá - lo... Os demais nos olhavam, comovidos e emocionados, em silêncio... então os abracei, um por um, agradecendo pela noite maravilhosa que passara em sua companhia e prometendo que sim, que voltaria, já que apesar da imensa diferença de idade que havia entre nós, me haviam aceito e me tratado como uma igual. Afastei - me de cabeça erguida, pouco me importando se a bunda da minha calça branca estava suja de Terra, se as pessoas que já transitavam iriam reparar. Eu me sentia renovada, uma alegria diferente dançando na minha alma, vendo e sentindo o dia colorido e perfumado, percebendo o canto dos pássaros muito mais vibrantes... Aquela noite transformou a minha vida, pois recebi grandes lições, daqueles que agora são meus amigos de verdade! Aqueles jovens me ensinaram a agradecer por tudo, na vida, mas principalmente por estar viva!! Não precisava de mais nada, alé de mim, mesma, para me sentir feliz e por isso, agradecer a Deus cada dia que ele me dá, para viver e fazer o melhor que posso por mim e por quem eu puder ajudar. Muitas vezes subestimamos os jovens, mas há muitos mais do que pensamos que realmente sabem valorizar a vida e até nos dar lições sobre ela. E aprendi que a verdadeira Amizade pode ser encontrada quando menos se espera e onde menos se espera.
E no dobrar de uma esquina qualquer, o longo apito de um guarda noturno me faz sobressaltar, mas eu não o vejo nem ele a mim, pois no silêncio completo, nem meus passos fazem ruido. Cai novamente o silêncio, mas por alguns segundos, o som ecoa nos meus ouvidos, parecendo uma sirene de alerta sobre alguma coisa... Caminho... Mais adiante, o ladrar de um cão, uma casa com suas janelas iluminadas, que, de repente, me fazem imaginar um farol, em meio à escuridão, com suas luzes guiando os navegantes num mar proceloso... Vozes... Risos altos... Acho estranho e furtivamente, me aproximo, curiosa. Em meio à bruma dessa madrugada fria, alguns jovens, garotos e garotas, sentados na sarjeta, parecem nem se dar conta do adiantado da hora e nem da minha presença. Metidos em suas calças jeans surradas e agasalhos, tendo como claridade apenas o brilho esmaecido da luz do poste, bebem coca cola e comem pizza, que sei, está fria, mas isso não parece incomodá - los nem um pouco. Falam e riem o tempo todo, nada de importante, banalidades engraçadas que também me levam a esboçar um sorriso nos lábios até há pouco, contraídos pelas amargas lembranças que me dominavam... Uma das jovens dá - se conta da minha presença e se assusta, chamando a atenção dos demais, que de imediato, voltam - se para mim e perguntam quem sou, quase em uníssono. Digo - lhes, com um sorriso, que não se preocupem, que não sou um fantasma, apenas uma mulher insone, em busca de Morfeu. Sentindo minha voz meio tensa, a garota que primeiro me notou me convida, sem cerimônias, a sentar na sarjeta, junto a eles. E sem cerimônias, sento - me junto à ela, sem preocupar - me com o fato de estar vestindo uma calça branca, de lã, que sei, ficará marcada. Um dos rapazes me pergunta se aceito um pedaço de pizza, enquanto me estende o próprio copo com coca cola, como a coisa mais natural do mundo, dizendo a seguir que posso usá - lo, que irá buscar outro, para ele. Nessas alturas, eu deveria estar me sentindo como um corpo estranho, entre aquelas figuras, no entanto, apanho o copo de suas mãos e aceito o pedaço de pizza fria, e por Deus, nunca imaginei que um pedaço de pizza fria e um copo de coca cola numa madrugada que parecia de mau agouro, pudessem ser tão saborosos!!! Perceberam e, assim que terminei de comer, me ofereceram outro, dizendo que podia comer à vontade, estavam esperando aquela acabar para buscarem uma outra, quentinha, que estava assando, mas que se eu quisesse, poderia esperar. Sentí - me meio embaraçada, mas respondi que esperaria. Sem que eu percebesse, surgira um violão e me surpreendi com a música que começou a soar, tanto dele, como na voz de um dos rapazes, por sinal, uma linda voz, bem modulada e com uma harmonia perfeita, suave, mas o que mais me impressionou foi o fato de ser a "minha" música... A "nossa"... Um silêncio gostoso e aconchegante pairou, sobre nós, enquanto ele cantava, dedilhando o violão como se estivesse sozinho, ali, em meio à madrugada que avançava a passos lentos, agora... Sem perceber eu havia parado de respirar, extasiada, as lembranças, a saudade assomando e fazendo ressumar lágrimas... "Moça..."... O som da voz da garota ao meu lado me fez "voltar" ao presente, abrir os olhos, que fechara sem me dar conta que o fizera... A música terminara e eles me observavam... Nenhum deles teria mais que vinte anos... Um deles perguntou meu nome e lhe respondi, ao que ele comentou que Nina era um nome bonito, tinha uma sonoridade gostosa... E que tinha uma cachorrinha a quem chamavam assim. Não resisti e caí na gargalhada, logo acompanhada por todos. Naquele instante, todos os resquícios de constrangimento desapareceram; eu era mais um, deles. Vieram as perguntas sobre mim, as respostas das que eu fazia para eles e logo, sabíamos o bastante, uns dos outros, para sermos amigos. Vieram as confidências, as manifestações de apoio e compreensão de ambas as partes e enquanto isso, degustamos a deliciosa pizza quentinha, com coca cola. Perguntei - lhes se não havia problema que ficassem ali, na rua, até aquela hora, rindo, cantando... Se os vizinhos não se importavam... Sorriram e me perguntaram se eu conhecia, ali. Eu não conhecia e me disseram que por ali não havia vizinhos por perto. Eloísa, que estava ao meu lado, pareceu surpresa e me perguntou onde eu morava, e quando respondi, apenas comentou que eu havia caminhado um bocado! Falei que estava acostumada a caminhar e nem me dera conta. Rindo e brincando, contando piadas, me surpreendi quando, ao levantar a cabeça, vi que uma estrela imensa olhava para mim, que a névoa havia desaparecido. Respirei fundo, olhando para os rostinhos jovens que me fitavam, parecendo divertidos e sorri. Não era preciso falar nada. Eram todos estudantes, todos trabalhavam e não dependiam dos pais para pagarem seus estudos. Nenhum deles levava uma vida folgada, mas também não passavam por apertos, pois trabalhavam e se precisavam de algo mais, os pais os ajudavam, nas emergências. Pareciam, todos, viver em lares harmoniosos, onde reinava a Paz e o amor. Pareciam. No decorrer da conversa, soube que um dos rapazes, Rogério, vivera num orfanato até os cinco anos de idade, quando foi adotado por um casal que, com o tempo, revelou que o que menos precisava e sabia fazer, na vida, era cuidar de um filho; por qualquer coisa sem importância, o espancavam até machucá - lo! Fugiu de casa aos doze anos e perambulou de cidade em cidade, até que, ao completar dezoito anos, alistou - se no exército, e ali, apesar do trabalho pesado, foi que começou a sentir - se gente, de verdade; fizera amizade com um dos rapazes que ali estavam; tornaram - se grandes amigos e foi esse amigo que o acolheu em sua casa, após saírem do quartel e, com a ajuda de outros amigos, arrumou - lhe um emprego. Por ser um rapaz honesto e trabalhador, logo foi promovido e agora, já fazia faculdade e morava num quarto alugado, sozinho. Era o mais velho, deles, com vinte e três anos. Mais uma vez, minha tese de que as pessoas só são produto do meio se quiserem, estava sendo provada. Muitas risadas e músicas depois, a madrugada me surprendende com uma claridade rosada, em nada lembrando a noite triste, sem perspectivas que não de horas insones e pensamentos e lembranças sombrios. Levantei - me para ir embora... Sentí - me mal por estar usando uma calça branca de lã e uma blusa de seda pura, azul turquesa, junto àquelas criaturinhas tão simplesmente vestidas...Apenas trocara o sapato por um confortável mocassim, mas não tivera ânimo nem para trocar - me, quando o telefonema "dele", tão frio, pusera fim aos meus sonhos para aquela noite... e quantas mais viessem, ao seu lado... Tentando ser diplomático, na forma de falar do fim, mais me magoara... eu me sentia arrasada... Antes de me despedir daquele pessoalzinho delicioso, que mudara tão radicalmente a minha noite e meu estado de espírito, perguntei - lhes o que, afinal, estavam comemorando, numa noite tão escura e nevoenta, como a que fôra, aquela. Rogério respondeu, olhando - me nos olhos: À vida, Nina, à toda sua beleza, sua generosidade, sua grandeza... As bênção que Deus nos dá de presente todos os dias e que, às vezes, ao menos percebemos, para parar um instante, e agradecer, por estarmos vivos! Quando se achar em condições, quando quiser, será muito Bem - vinda, para comemorar conosco essa dádiva, independente de como ela pareça estar, pois sempre haverá mais um dia, para que possamos buscar o que nos falta, e se formos persistentes, nada nos impedirá de encontrar... Acredite, a felicidade está onde menos se imagina: Dentro do nosso próprio coração, e não distante de nós, em posse de alguém que só nos fará algum bem, se quiser. Ser feliz depende apenas de nós, e seremos felizes sempre, basta apenas querer! Ouvindo aquele garoto que já sofrera tanto, na vida, falar com tanta simplicidade e gratidão, sobre a vida, não pude conter as lágrimas nem o impulso de abraçá - lo... Os demais nos olhavam, comovidos e emocionados, em silêncio... então os abracei, um por um, agradecendo pela noite maravilhosa que passara em sua companhia e prometendo que sim, que voltaria, já que apesar da imensa diferença de idade que havia entre nós, me haviam aceito e me tratado como uma igual. Afastei - me de cabeça erguida, pouco me importando se a bunda da minha calça branca estava suja de Terra, se as pessoas que já transitavam iriam reparar. Eu me sentia renovada, uma alegria diferente dançando na minha alma, vendo e sentindo o dia colorido e perfumado, percebendo o canto dos pássaros muito mais vibrantes... Aquela noite transformou a minha vida, pois recebi grandes lições, daqueles que agora são meus amigos de verdade! Aqueles jovens me ensinaram a agradecer por tudo, na vida, mas principalmente por estar viva!! Não precisava de mais nada, alé de mim, mesma, para me sentir feliz e por isso, agradecer a Deus cada dia que ele me dá, para viver e fazer o melhor que posso por mim e por quem eu puder ajudar. Muitas vezes subestimamos os jovens, mas há muitos mais do que pensamos que realmente sabem valorizar a vida e até nos dar lições sobre ela. E aprendi que a verdadeira Amizade pode ser encontrada quando menos se espera e onde menos se espera.