Eleições!
Façamos de conta que estamos no período eleitoral. Fato real, juro!
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Eleições!
Gostando ou não do resultado - e deste eu, particularmente, gostei -, a verdade é que o dia das eleições é sempre muito inusitado: encontramos pessoas que só vemos de quatro em quatro anos; revemos colegas antigos; passamos por lugares que não íamos há tempos; por fim, somos reconhecidos pelos mesmos mesários de sempre, desde que votamos pela primeira vez. Mas não é apenas isso, coisas ainda mais estranhas acontecem.
Ontem pela manhã, meu esposo desceu para jogar o lixo fora e encontrou um rapaz entregando panfletos eleitorais. Temos um colégio a cem metros de casa, o meu colégio eleitoral, e a rua fica entupida de gente e de papel - o Brasil inteiro fica. Bom, retornando... O rapaz, antes, tinha um cabelo trançadinho com continhas coloridas nas pontas, agora, estava com o cabelo bem cortado. Ele cumprimentou meu marido.
- Oi - respondeu. - E aí, rapaz? Tá diferente, cortou o cabelo...
- Foi, foi mesmo - ele entregou um santinho ao meu esposo. - Um candidato pra você votar aí, ó. Deputado Estadual.
- Obrigado, mas eu não voto aqui não, voto no interior, vou justificar.
- Sem problema, valeu assim mesmo.
- Tá certo. E você, votou em quem pra presidente?
- Ah, eu não votei em presidente não, era muito número pra gravar, só votei nesse candidato aqui - o rapaz mostrou o santinho.
- Foi mesmo? - meu esposo pasmou.
- Aham. Talvez eu vá lá mais tarde votar em mais algum.
- ?????? - meu esposo ficou em cócegas camufladas. - Tá bom, a gente se vê por aí.
- Tá joia, valeu.
E assim acabou a história excêntrica do meu esposo no primeiro turno das eleições de 2010. Ele disse que o rapaz não tinha jeito de doente mental, que parecia uma pessoa normal, falava bem e tudo mais. Agora, só resta uma questão: afinal de contas, de verdade, esse rapazinho votou ou não votou?