Assédio Doméstico

Joanilson

Há alguns anos nós dispensamos a nossa empregada doméstica, por chegarmos à conclusão de que os nossos serviços já não requeriam tanto tal mão-de-obra, além de estarmos necessitando fazer algumas economias. Eu e meu marido faríamos juntos os trabalhos caseiros, lógico que a maior parte seria minha mesmo.

Logo no início, os afazeres ficaram mais ou menos divididos, mas com o passar do tempo, o meu marido passou a fazer corpo mole e o certo é que acabou sobrando somente para mim quase todas as tarefas. E eu comecei então a cobrar mais cooperação dele, mas ele sempre tinha uma justificativa. Ora alegava indisposição física, ora inventava uma saída para a rua, etc.

Como eu continuava insistindo para que ele me ajudasse, ele começou a dizer que eu contratasse nova empregada, pois não tinha obrigação de fazer serviços domésticos. E todas as vezes que eu reclamava cansaço por trabalhar demais, ele vinha logo dizendo para eu contratar uma auxiliar permanente ou uma diarista.

Eu já estava quase convencida a ceder à sua sugestão, mas como sempre fui meio desconfiada com as possíveis investidas do meu marido contra as domésticas que já passaram por nossa casa, e vice-versa, portanto essa ideia estava fora de cogitação. E ele sabia dessa minha desconfiança, mas sempre negara veementemente tal atitude. Pensava nisso, quando me veio a ideia de cobrar-lhe uma mesada pelo serviço que executava diariamente. Sugeri-lhe então que me pagasse que eu terminaria com as reclamações. Para minha surpresa, ele nem pensou duas vezes. Aceitou de pronto e já me deu um adiantamento. Como fiquei contente! Iria continuar fazendo a mesma coisa, mas ia receber o mesmo salário que ele iria pagar a uma contratada.

Após esse nosso acerto, passei a notar que ele se afastara um pouco de mim, talvez entendendo o meu cansaço diário. Não reclamei nada inicialmente. Mas, à medida que o tempo foi passando, ele foi se afastando ainda mais e aquilo passou a me perturbar.

Um dia, não aguentando mais tanta indiferença, reclamei. - Por é que você está tão indiferente comigo, e não me faz mais nenhum carinho? O que é que está acontecendo? E ele respondeu: Eu não lhe disse que não assedio empregadas!...

Joanilson
Enviado por Joanilson em 10/05/2011
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