ATIRA NO DISCO!!!

ATIRA NO DISCO!!!

Thereza Poesia

Cada coisa que acontece no interior, que até Deus duvida. O sítio Caiçarinha no interior do RN, era grande, a vegetação seca, quase não chove por lá, mas como herança de família, viviam lá Paulo Pregentino, sua segunda esposa Esolástica, e suas duas filhas, juntamente com os dois filhos do primeiro casamento que ainda eram menores.. Eu sempre ia passar as festas de São João, era muito animado por lá.Os meninos traziam lenha, fazia-se grande fogueira e os moradores da redondeza todos compareciam. Regada a muita pinga, pamonha, canjica e galinha torrada, a festa esquentava e a fogueira virava brasas aonde assávamos milho e contávamos “causos”. Cada um melhor do que o outro.

Uma vez o dono da casa contou que por volta das duas da manhã, ouviu um barulho ensurdecedor e por lá, de madrugada, só se ouve o barulho dos grilos, sapos e um galo que canta infernalmente para acordar toda a roça. Pois bem, diante do tal barulho, a casa inteira acordou e imediatamente, seu Pregentino pegou a sua espingarda 12, e corajosamente saiu no alpendre com toda a família em seu encalço. O que viu foi como se o dia estivesse amanhecido. Tudo claro, claríssimo, de uma luz estonteante. Os animais faziam a maior algazarra no terreiro e o velho ao olhar para o céu, quase tem uma síncope: Tinha um prato de luz enorme bamboleando por cima de sua residência há uns vinte metros de distância. A esposa caiu de joelhos, já se considerando mortinha, as filhas choravam e os rapazes estupefatos não sabiam o que fazer. Seu Paulo Pregentino então, de arma em punho, foi para o meio do terreiro e começou a gritar:- Quem são ocêis? Qué que quere aqui? Se fore do outo mundo, diga, mode num levá bala.

Repetiu esse e mais alguns impropérios, como não obtivesse resposta, apontou sua doze, enquanto os filhos reanimados com a coragem do pai, gritavam de dentro da casa: -Atira no disco, pai!Atira no disco!

Pum!Pum! atirou duas vezes.

O prato de fogo deu uma bamboleada maior e fugiu em disparada até baixar em cima do lajeiro dos bodes a um km de distância.

No dia seguinte, a filha maior e os dois rapazes resolveram ir ao tal lajeiro para ver se encontravam algo. Em lá chegando, encontraram um circulo de uns cinco metros de diâmetro, de vegetação tostadinha, tostadinha, mas disco que é bom...

O “seu” Paulo já é falecido, mas ficou conhecido na região, como o homem que enfrentou o disco do céu. Se foi verdade ou só mais um causo, eu não sei, mas que em cima do lajeiro dos bodes tem um círculo de terra queimada até hoje, há, isso tem.