Marcas de uma paixão.
Faz uns dez anos. Naquela época ainda tinha geadas. Estava muito frio, era um dia de maio, junho, não me lembro com exatidão. Adolescentes tem de ir a escola faça chuva, faça sol ou frio, mas, eu me sentia bem de agasalho e se serenasse era melhor ainda, ficar com os cabelos molhados, nunca gostei de gel. Ela chamava-se Denise. Até mesmo o desenho de seu rosto já tinha feito e sempre olhava pra ele. Sabem foi meu amor de colegial. Loira, rosto arredondado, magra, cabelos ondulados, sobrancelhas grossas, lábios médios, naquela época não importava se a menina era “gostosa”, o sexo não era tão importante, agente gostava de coração, sem maldade, talvez seja por isso que nunca rolou nada entre nós. Tínhamos o mesmo sentimento, sim, era reciproco. Ela sabia do meu sentimento, porém, a imaturidade não me permitia que me declara-se e também nunca tinha beijado ninguém e não podia dizer isso, era uma pessoa popular e isso causaria uma polêmica a meu respeito. Foi assim, que vivi aquela paixão, me lembro de naquele ano em seu aniversário ela disse que se eu não fosse ela não ficaria na festa, era uma época difícil financeiramente pra minha família e por falta de um tênis que eu queria não fui. Eu tinha apenas um coturno bege que era até moda na época e minha vaidade não me permitiu ir a festa. Fiquei triste em minha casa e com medo de que alguém pudesse conquistar seu coração em minha ausência, até raiva de meus pais senti por não poderem me atender naquele momento. Que besteira de adolescente, mas, assim era. Nesta época chegar muito perto, segurar na mão, dava uma batedeira no coração que... vocês me entendem. Naquele dia frio eu a perdi, um rapaz também loiro, conhecido meu, porém, desinibido, de tanto insistir e ela desistindo de mim ficou com ele. Naquela época também não tinha ficar, o namoro podia até ser curto mas somente se beijavam quem estava namorando. Como uma prova de que mesmo assim ainda tinha o mesmo sentimento por ela deixei em sua carteira naquela manhã um bombom Sonho de Valsa e um bilhete escrito assim: O sonho ainda não acabou. Hoje sou casado, ela, também, quando nos encontramos em nossa cidade nossos olhos brilham como acontecia na adolescência. Pouco nos vemos, mundos diferentes em uma cidade de médio porte. Mas as vezes me pergunto: como teria sido? Acho que não podia ter sido diferente.