A LENDA DO PROFETA
A Lenda do Profeta
A historia que vou contar aconteceu há muito tempo atrás, quando Garapuava ainda era um lugarejo cercado por fazendas e toda a extensão geográfica que vai do Rio Piquiri ao Ivai e Corumbataí era apenas uma grande floresta onde viviam índios e animais.
Conta-se que por volta de 1850 o tráfico de escravos negros, embora proibido, era praticado vergonhosamente.
Com a Emancipação Política do Paraná, em 1853, tendo como primeiro presidente Zacarias de Góes Vasconcelos, o nosso estado, livre de São Paulo, iniciou sua marcha para o progresso. Entre os anos de 1856 a 1858, o toldo dos índios Kaingang no vale do Piquiri foi cruelmente atacado, sendo derrotado, perdendo suas malocas e seus guerreiros.
A partir dessa data, tropeiros paranaenses começaram a suas passagens pelos Campos de Guarapuava e bem mais tarde, pelo picadão que unia Garapuava a Mato Grosso do Sul, sendo Campo Mourão, local de repouso para os peões e suas tropas.
Contam os moradores da região de Guarapuava, Pitanga e Campo Mourão, que naquela época prevalecia a lei do mais forte. Haviam muitas chacinas e emboscadas, pois a ganância pelo poderio de terras era muito grande.
Sempre que havia crueldade, aparecia um senhor idoso com longas barbas brancas, sandálias de couro nos pés, um lenço na cabeça, roupas maltrapilhas, um autêntico andarilho.
Homem de poucas palavras, porém de sábias ações, era apenas conhecido como João Maria de Agostinho “O Profeta”.
Era chamado de São João Maria, o santo profeta que curava pestes, doenças e até domesticava animais ferozes e cobras venenosas.
O incrível é que ele sempre aparecia na hora e no lugar onde estavam precisando.
Nada se sabia dele. Só que realizava milagres. Dizem que passou por um olho de água do Jordão, em Guarapuava, e que até hoje aquela água tem poder de cura para os que têm fé.
Virou febre. Era todo mundo querendo encontrar e falar com o tal profeta.
A fonte virou um verdadeiro local de romeiros que ficavam de molho nas águas e no próprio barro, e afirmavam que eram curados.
Por onde o monge passava, falava de Jesus e plantava uma cruz. Ensinava sobre o amor, a fé e a caridade para com o próximo. Também orientava o povo a utilizar ervas caseiras e dizia que até um copo de água pura curava, se tivessem fé em Deus, não nele. Sempre ressaltava isso.
Também passou por Campo Mourão. Antigos moradores afirmam que aqui havia muitas cobras venenosas.
Quando aparecia alguma cobra na propriedade, era só pensar no profeta e la aparecia ele. Já ate o local e conversava com a dita cuja, ordenando que ela e toda a sua prole sumissem dali. Em seguida a ordem, fazia uma oração e nunca mais apareciam cobras naquele local.
Tinha uma velha beata, que usando de má fé, começou a levar vantagens em nome do profeta.
Fazia bolinhas de barro e as vendia como “pílulas milagrosas de São João Maria”, dizendo que curavam todos os males. Era só engoliu com um pouco de água e se livrar dos vermes, febres e outras doenças, dizia ela.
Um dia, essa senhora adoeceu gravemente, porem nem médicos e nem as pílulas milagrosas conseguiam curá-la. No leito de morte, gritava:
- Perdoe-me profeta, a minha ganância foi maior que minha fé.
Anoiteceu, e ela faleceu. Dizem que o profeta passou à noite sentado num tosco banquinho, próximo a tarimba onde a morta era velada.
Cabeça baixa, pernas cruzadas, sem pronunciar uma só palavra.
Quando o cortejo saiu para o sepultamento, ele gritou:
- O amor, a fé e a caridade não têm preço. Jesus Cristo foi exemplo disso. Deu sua vida por nós. Vão em paz. Quando precisarem, basta invoca-lo, que Ele esta sempre perto de vocês.
A partir daquele dia, nunca mais ninguém viu ou ouviu falar sobre o profeta, até ele cair no esquecimento.
Muitos séculos depois ele tornou a aparecer, mas o mais incrível é que do mesmo jeito e com as mesmas roupas e sandálias nos pés. Estava sempre igual, não envelhecia.
Mistérios...