MENINO VELHO

Ao leito de um hospital, um amigo eu visitava, contava-me aquele ancião, sobre a sua vida e o seu cotidiano, orgulhoso de suas labutas e de seus dias no campo, conversávamos sobre as coisas da vida e das noites estreladas.

Foi quando ele, então, revelou-me o seguinte:

“Aconchegava-me na varanda,

apreciando o sol a se esconder,

no rádio, ouvia lindas cirandas

e, aguardava calmo o anoitecer.

Aos poucos, surgiam tão belas

clareando toda a plantação,

umas brancas, outras amarelas

eram matizes de extenso clarão.

Meu dedo de encontro ao céu

punha-me, então, a contá-las

eram tantas decorando o véu,

que me rendia ao brilho delas.

Quando tarde, eu me despedia

prometendo amanhã regressar,

desligava o rádio, e me conduzia

à minha cama para descansar.

No sono, eu era astro em lembrança

sonhando nesse meu belo infinito,

viajava, em sonhos, de minha infância;

revelava-se em mim um sorriso bonito.

Gosto é de contar estrelas, é verdade...

mas, não tenho alguma verruga,

e, aos noventa e dois anos de idade

Incontáveis são as minhas rugas."

*****

®

Giovanni Pelluzzi

São João Del Rei, 11 de abril de 2011,

Giovanni Pelluzzi
Enviado por Giovanni Pelluzzi em 11/04/2011
Reeditado em 20/02/2014
Código do texto: T2901486
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