MENINO VELHO
Ao leito de um hospital, um amigo eu visitava, contava-me aquele ancião, sobre a sua vida e o seu cotidiano, orgulhoso de suas labutas e de seus dias no campo, conversávamos sobre as coisas da vida e das noites estreladas.
Foi quando ele, então, revelou-me o seguinte:
“Aconchegava-me na varanda,
apreciando o sol a se esconder,
no rádio, ouvia lindas cirandas
e, aguardava calmo o anoitecer.
Aos poucos, surgiam tão belas
clareando toda a plantação,
umas brancas, outras amarelas
eram matizes de extenso clarão.
Meu dedo de encontro ao céu
punha-me, então, a contá-las
eram tantas decorando o véu,
que me rendia ao brilho delas.
Quando tarde, eu me despedia
prometendo amanhã regressar,
desligava o rádio, e me conduzia
à minha cama para descansar.
No sono, eu era astro em lembrança
sonhando nesse meu belo infinito,
viajava, em sonhos, de minha infância;
revelava-se em mim um sorriso bonito.
Gosto é de contar estrelas, é verdade...
mas, não tenho alguma verruga,
e, aos noventa e dois anos de idade
Incontáveis são as minhas rugas."
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 11 de abril de 2011,