A Guarda Desfalcada
A Guarda Desfalcada
Joanilson
A notícia correu rápida. O prefeito acabava de sancionar uma lei que beneficiava qualquer servidor publico que quisesse fazer parte da Guarda Municipal, com um abono de cem por cento sobre o salário.
Os componentes da citada guarda dariam plantões de 24 horas com folga de igual período.
Os demais funcionários trabalhavam apenas um expediente de quatro horas de segunda-feira a sexta-feira.
Com essa medida, o prefeito visava resolver o problema de desfalque do efetivo da sua Guarda.
Mas a acolhida não foi muito boa, pois apenas dois candidatos se apresentaram para o cargo.
A escolha dos novos componentes para a espinhosa missão era de responsabilidade do Chefe da própria corporação, experimentado militar da reserva do exército.
Os dois funcionários foram levados à presença do Chefe da Guarda para uma entrevista, quando seria feita uma avaliação sobre a capacidade operacional dos interessados.
Para surpresa do entrevistador, ambos os candidatos eram portadores de deficiência física, mas insistiam veementemente, poderem desempenhar o papel de vigilante.
O primeiro entrevistado era portador de uma atrofia da perna direita, o que lhe causava dificuldade para caminhar - quanto mais para correr - prática comum em atividades para a qual se candidatava.
O Chefe, ciente da dificuldade do candidato, reprovou-lhe de imediato, apesar da insistência do referido funcionário.
O segundo interessado, observando a dificuldade do colega, adiantou-se dizendo que podia correr bastante, portanto teria de ser aceito; mas novamente entrou em ação a experiência do Chefe da Guarda, reprovando-o, também, para surpresa do apressado candidato.
- Como é que você vai segurar um bandido com apenas um braço, companheiro? Perguntou, indignado, o Chefe da Guarda...
31 de Março de 2004