O INTERROGATÓRIO

Luiz Furiori (nome fictício), aos vinte e um anos de idade teve contra si uma denúncia do Dr. Promotor de Justiça da comarca de Barra de São Francisco, ES, por infringência ao art. 217 do Código Penal, uma vez que teria seduzido e, conseqüentemente, desvirginado uma menor de dezoito anos, de quem era namorado há algum tempo.

Luiz não tinha sido ouvido no inquérito policial porque evadira-se do distrito da culpa e, portanto, estava em lugar ignorado.

O MM. Juiz de Direito da Comarca examinando as provas colhidas na esfera policial, decretara a custódia preventiva de Luiz, sendo contra ele expedido mandado de prisão, com cópias entregues à policia local e à Polinter.

Decorridos uns dois anos, Luiz foi preso em Minas Gerais e recambiado para B.S. Francisco, razão por que o MM. Juiz marcou para o dia seguinte o interrogatório do acusado.

O Juiz já estava em sua mesa quando, escoltado, chegou o acusado. Era baixinho, tinha um metro e cinqüenta e oito centímetros de altura, mas era bastante musculoso. Depois de devidamente qualificado pelo Escrivão, o magistrado procedeu a leitura da denúncia, e, ato contínuo, cumprindo determinação expressa do Código de Processo Penal, advertiu o acusado de que “não estava na obrigação de responder às perguntas que lhe fossem formuladas, mas que o seu silêncio poderia ser interpretado em prejuízo de sua defesa”.

-- Onde o senhor se encontrava – indagou o Juiz - quando ocorreram os fatos descritos na denúncia que eu lhe acabo de ler?

-- Na beira do Rio – respondeu o acusado.

-- Foi lá que o senhor manteve relações sexuais com a vítima ?

-- Foi sim, senhor. Ela tinha ido lá lavar uma trouxa de roupa e eu fui buscar água com um balde.

-- E daí ?

-- Daí, doutor, aconteceu.

-- Mas, como ? quis saber o juiz. As roupas foram espalhadas no chão, e...

-- Não, doutor. Ela estava em pé.

O juiz, então, abriu os autos do processo, pois ficou intrigado com a resposta do acusado de que o ato tinha sido praticado com ela de pé. É que a diferença de tamanho entre os dois era muito grande, pois ela media um metro e oitenta e sete centímetros. Olhou seriamente para o acusado, depois de compulsar os autos, e perguntou:

-- Ah! Então o senhor subiu num barranco e...

-- Também não, doutor. Foi com o balde.

-- Ah! Está explicado. O senhor emborcou o balde no chão e subiu nele.

-- O senhor ainda não acertou desta vez – disse o acusado de maneira cínica, o que deixou o juiz um pouco irritado, sem, entretanto, perder a compostura.

O juiz, mais uma vez, encarou o acusado e o advertiu de que se tratava de um momento sério e que ele exigia o respeito que o ambiente merecia, acrescentando que ele, o acusado, o estava tentando embromar.

-- O senhor, disse o magistrado, vai ou não vai contar como se deu o fato.

-- Vou – disse calmamente o interrogando. Foi assim: coloquei o balde na cabeça dela, como se estivesse colocando um chapéu. Peguei forte nas abas do balde e ergui para compensar a diferença de tamanho e ela deu a sua necessária e indispensável colaboração para consumação do ato.

Todos os presentes trocaram olhares, inclusive o magistrado, que prosseguiu na audiência

levy pereira de menezes
Enviado por levy pereira de menezes em 11/11/2006
Código do texto: T288824