MINEIRO NÃO PERDE TREM !
MINEIRO NÃO PERDE TREM !
Chiquinho, nascido em Santos Dumont, foi para o Rio de Janeiro com sua família e retornou para Minas, Belo Horizonte, ainda pequeno.
Em BH, foi morar em Santa Teresa, bairro tradicional da cidade por seus barzinhos e quermesses ao lado da Igreja Matriz do mesmo nome.
Como quase toda criança da época, Chiquinho ajudava seus pais, vendendo bolinhos de feijão, no trem.
A Estação Central do Brasil, que hoje abriga o Museu de Artes e Ofícios, possuía linhas de trens para o Rio de Janeiro – Vera Cruz – para o Espírito Santo – Vitória/Minas e para várias cidades mineiras.
Certo dia, lanchando em um bar da estação, Chiquinho com seu balaio de taquara cheio de bolinhos, enquanto esperava o trem, tomava café com leite e comia broa de milho – afinal das contas, “casa de ferreiro, espeto de pau”.
De repente o trem estava se locomovendo:
_ Uai! Lá vai o trem minha Nossa Senhora ! Gritou o menino.
Ele saiu correndo por entre os trilhos, sobre os dormentes e britas da linha do trem que só via seus chinelos voando de seus pés.
_ Pernas prá quem tem ! Gritava ele
Nisso, só se viu o balaio indo aos ares e uma chuva de bolinhos se formou. Que pena! Mas ele conseguiu pegar o trem.
Em seu interior, já exausto, Chiquinho assentou-se num banco e por alguns minutos, relaxou.
Passado certo tempo, lá estavam o Torniqueiro (aquele funcionário da Rede Ferroviária que picotava os bilhetes das pessoas) e alguns ajudantes, desvirando os bancos. Os bancos possuíam um eixo central para poder ser usados dos dois lados.
Então, Chiquinho de costas viu a estação chegando, novamente.
Conclusão, o trem havia simplesmente trocado de linha. A Central possuía um operador, guarda-chaves, que virava a chave e o trem mudava de direção.
O Torniqueiro aproximou-se do vendedor e caçoou:
Éh! “Mineiro não perde trem”, mesmo!